Artigo de João Otávio Macedo – Os pequeninos agradecem


“Augusto Castro, no bom sentido, 'comprou a briga' do CEMEPI e novas esperanças surgiram no firmamento”


Nação nenhuma pode jactar-se de possuir um bom serviço de saúde se não atentar para a atenção à infância e à adolescência, principalmente a primeira, cujos episódios de doença são mais frequentes e que causam maiores preocupações. Hoje, temos vários profissionais da área da saúde, tais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas dedicados à pediatria, que é a especialidade voltada unicamente para os menores.

A pediatria aqui em Itabuna, no que se refere a hospitais, ficou, por muitos anos, localizada no Hospital Manoel Novaes, graças aos esforços de alguns pediatras devotados à causa e a grande colaboração das Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena, numa época de grandes carências e sem os aparelhos e os conhecimentos atuais, principalmente no âmbito da Neonatologia. Mas o Hospital Manoel Novaes era um hospital geral e só foi transformado em Hospital de Toco-Ginecologia e Pediatria a partir de 1975, quando o então Provedor Calixto Midlej Filho aceitou as nossas ponderações, pois estávamos na chefia do corpo clínico, concordando em tirar o rótulo do Hospital Manoel Novaes de hospital geral.

Desde o final do século XIX e inicio do século XX que começaram a chegar novos médicos ao recém-núcleo habitacional que, anos depois, seria a nossa pujante cidade; assim, chegaram Ruffo Galvão, Appio José Lopes, Carlos Cavalcanti da Silveira, que viria a ser o diretor médico do primeiro hospital da cidade, o Santa Cruz, hoje Hospital Calixto Midlej Filho, José Joaquim Xavier, João Batista Soares Lopes, Servílio Mario da Silva e outros. Formado na turma de 1930, chegou a nossa cidade o médico Antonio Miranda que, segundo o que se sabe, foi o primeiro a exercer a pediatria em nossa cidade; era conhecido como Dr. Mirandinha, tendo , depois, se transferido para o Rio de Janeiro.

Estávamos em 1968 quando os quatro pediatras que atuavam em nossa cidade, Alberto dos Reis Lessa, João da Silva Monteiro, Antonio Fabio Dantas e Jacintho Cabral de Souza, resolveram fundar o Instituto de Pediatria e Puericultura de Itabuna, IPEPI, que passou a funcionar a partir do mês de julho daquele ano, no segundo piso de um prédio à margem direita da Avenida do Cinquentenário, tendo mudado de endereço, primeiramente para a praça do Trabalho, e definitivamente, para o endereço atual, à Avenida das Nações Unidas. A partir de fevereiro de 1970, a Drª Zina Macedo foi incorporada ao grupo e, algum tempo depois, a Drª Lícia Mastique de Castro, que já atuava na cidade desde o início dos anos sessenta, também passou a fazer parte do grupo. Ressalte-se que todos esses pediatras também davam a sua colaboração à pediatria do Hospital Manoel Novaes, quando solicitados e, também, como plantonistas, caso das doutoras Zina e Lícia.

Nos últimos anos o IPEPI, já com o seu novo nome de CENTRO MÉDICO PEDIÁTRICO DE ITABUNA (CEMEPI), experimentou uma débâcle em sua organização, por motivos vários que não vale a pena esmiuçar, acabando por fechar suas portas. Felizmente, a região cacaueira, pobre em verdadeiros líderes políticos, tinha na Assembleia Legislativa da Bahia um arrojado defensor das coisas da saúde e dos problemas da região cacaueira, o deputado Augusto Castro, filho de Ibicaraí, mas que fez sua carreira política em Itabuna; no bom sentido, “comprou a briga “do CEMEPI e novas esperanças surgiram no firmamento. Depois de muitas idas e vindas, de muita ansiedade, o hospital foi reinaugurado, na manhã do dia 17 do corrente e já em pleno funcionamento para o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Era somente alegria o que se via no semblante dos antigos funcionários, dos médicos e de todos que se preocupam com os problemas da cidade; infelizmente, as Dras. Zina Macedo e Lícia Mastique de Castro não mais se encontram entre nós, para verem a colimação de um desiderato ansiosamente aguardado.

As comunidades local e regional externam os seus agradecimentos a tantos quantos trabalharam para que esse dia chegasse e, entre os mais agradecidos, estão os pequeninos, que podem precisar dos préstimos do CEMEPI.