ARTIGO DE JOÃO OTÁVIO MACEDO – QUANDO VENCE A GANÂNCIA


"Não há outra explicação para tamanho desvio dos recursos públicos senão a ganância"


Vejo, no noticiário, que o ex-presidente Michel Temer e alguns comparsas deixaram a prisão, onde se encontravam desde a última quinta-feira, cumprindo decisão da Justiça, todos acusados de atos de corrupção.

Confesso que não fiquei alegre quando da prisão do ex-presidente, por ainda acreditar que talvez fossem exageradas as acusações que recaíam sobre seus ombros e, também, por admirar o seu jeito discreto quando no comando do poder executivo, sem as fanfarras do outro presidente que, também, se encontra preso e que deu início ao maior esquema de roubalheira na história deste país. O filho de libaneses que passou pela presidência da Câmara dos Deputados e do maior partido presente nas duas casas do Congresso trazia, na bagagem, o título de professor universitário e autor de livros jurídicos e, francamente, não o imaginava metido em tantas roubalheiras como, no momento, foram mostradas e que, segundo o que foi dito, ele e seu grupo, desviaram a “bagatela” de um bilhão e oitocentos milhões de reais. Convenhamos, é muito dinheiro.

Depois dos grandes escândalos do “Mensalão,” do “Petrolão” e outros menores, mas nem por isso menos significativos, notamos, felizmente, uma salutar mudança, mormente após a deflagração da Operação Lava-Jato, possibilitando a prisão de indivíduos que se julgavam acima das leis e que traíram o povo, pois foram eleitos para cuidar da coisa pública quando, na verdade, a preocupação maior era lançar mão do dinheiro público, em seu proveito, ou em proveito de familiares e correligionários. E as prisões continuam recebendo “hóspedes ilustres” que burlaram a fé dos eleitores e que foram com muita sede ao pote.

Não há outra explicação para tamanho desvio dos recursos públicos senão a ganância; são pessoas que que já têm um padrão de vida muito acima da média da população, mas não estão satisfeitas, pois desejam mais e mais dinheiro e aí lançam mão dessas artimanhas que nós acompanhamos pelos meios de comunicação; ora é um flagrado com malas e sacolas de dinheiro escondido em um apartamento; ora é outro correndo, pelas ruas de uma grande cidade, com uma mala entupida de notas, quando não são encontrados com notas escondidas em cuecas enfim, esses larápios sempre encontram um jeito de avançar, indevidamente, sobre os recursos públicos que acabam fazendo falta, pois deixam de ser bem empregados nas áreas sensíveis da infraestrutura, saúde, educação e segurança.

Acredito que todas as pessoas sensatas e cumpridoras de suas obrigações para com o nosso grande país fiquem envergonhadas e tristes com esses acontecimentos, principalmente quando praticados, como dissemos acima, por pessoas de nível intelectual elevado e que deveriam atuar como verdadeiros exemplos para a população. Não são notícias que engrandeçam o país perante a comunidade internacional nem que sirvam de exemplo para as atuais e futuras gerações. Quando as ações dos políticos estão ditadas pela ganância, fica muito difícil, senão impossível, equilibrar as contas públicas, pois, fatalmente, não veremos os recursos reclamados para atender às necessidades do povo brasileiro. Felizmente, alguma coisa já está sendo feita para diminuir essa derrama do dinheiro público que, indevida e criminosamente, estava indo para o bolso desses espertalhões.