Artigo João Otavio Macedo – Esporte que diverte, educa e fortalece


“Por muitos anos tivemos um futebol amador de qualidade e a seleção itabunense conseguiu um feito”


Crescemos lendo e ouvindo o velho brocardo latino de ”Mens Sana In Corpore Sano” e, efetivamente, nada mais verdadeiro do que cuidar das atividades esportivas para a manutenção de uma boa saúde, tanto física quanto mental. Nas antigas civilizações os diversos povos já anteviam isso, mesmo sem comprovações científicas, como temos atualmente, corroborando que devemos cuidar do nosso corpo, no plano físico quanto devemos cuidar da nossa mente. As crianças devem ser estimuladas às atividades físicas desde cedo, como meio de cooperar para a manutenção de uma boa saúde.

No último fim de semana, andei relendo o elucidativo e divertido livro de Cyro de Mattos “O Velho Campo da Desportiva” e fiz uma longa e saudosa volta a um passado já um pouco distante, quando aquele pequeno mas aconchegante campo, pertencente à Liga Itabunense de Desportos Atléticos (LIDA), sediava jogos de futebol e outras modalidades desportivas, tendo o “velho esporte bretão”, como os locutores esportivos costumavam se referir ao futebol, como principal atração, mormente nas tardes de domingo,

Ainda alcancei o velho estádio da LIDA cercado por folhas de zinco até que recebeu um muro de tijolos, condizente com a nossa cidade; gramado sofrível, instalações para os jogadores idem, mas tudo isso não impedia que as paixões se exacerbassem quando os times entravam em campo, mostrando os seus ases da pelota, muitos dos quais foram aqui revelados e alçaram voos mais distantes, brilhando em clubes de Salvador e até Rio de Janeiro e S. Paulo. Por muitos anos tivemos um futebol amador de qualidade e a seleção itabunense conseguiu um feito, até hoje cantado em prosa e verso, ao conquistar o título de campeão disputando um certame denominado de “Torneio Governador Antonio Balbino”, em 1957, inaugurando a iluminação do Estádio da Fonte Nova. Os garbosos defensores da Seleção Itabunense receberam a medalha comemorativa de vencedores nada menos das mãos do então presidente da República Juscelino Kubitschek. Anos depois, o time representativo da nossa cidade chegou a disputar o campeonato brasileiro de futebol. Isso, em rápidas palavras, para comparar o que já tivemos e o que estamos presenciando, no momento, onde, já há alguns anos, não temos uma equipe sequer, disputando o campeonato baiano.

Os anos cinquenta foram, realmente, um período de ouro, tanto em nossa cidade como no Brasil; foi a seleção brasileira ganhando a primeira copa do mundo, nos campos da Suécia; atletas amadores como Ademar Ferreira da Silva, Maria Ester Bueno, Eder Jofre e outros talentosos atletas trazendo títulos para o Brasil; equipes do Rio de Janeiro como Botafogo, Fluminense, Vasco da Gama e Flamengo atuando no nosso acanhado estádio.

Logo no início dos anos sessenta, houve a inauguração da piscina do Grapiúna Tênis Clube, a primeira da cidade e, nas quadras desse mesmo Grapiúna, do Itabuna Clube e SESP, tivemos memoráveis partidas de voley, basquete e futebol de salão. O então SESP (Serviço Especial de Saúde Pública) entre os anos cinquenta e sessenta, teve como diretor o Dr. Armando Moura Costa, um amante e incentivador dos esportes e que fez construir nos fundos da instituição uma quadra onde se disputava futebol de salão, volley e basquete. O Dr Armando era tio daqueles famosos Moura Costa, que constituíam a espinha dorsal do time de basquete Itapagipe, detentor de muitos títulos. Também havia uma quadra de voley no Colégio Divina Providência.

Tínhamos jogos no meio e no final da semana e, quando os jogos eram realizados à noite, no Itabuna Club e no Grapiúna, terminava com uma concorrida festa dançante onde a “paquera “rolava solta.

São tempos passados que não voltam mais; a cidade cresceu, bairros e mais bairros foram aparecendo, mas isso não impede que se volte o olhar para as atividades esportivas; é aí que entra a participação do poder público municipal, através dos seus órgãos competentes, dirigindo, orientando, organizando devidamente esses esportes que, certamente, atrairão o interesse da juventude. Mente sã e corpo são, não são difíceis de se conseguir e os nossos jovens devem ser estimulados a seguir essa orientação secular.