A verdade é que o vereador Enderson Guinho não tem mais clima para permanecer no PDT. Seu pedido de desfiliação é só uma questão de tempo, que é inexorável e senhor da razão.
É só sair do partido e procurar outro. Essa história de que vai ser expulso da legenda é do próprio Guinho, que adora oba-oba e ficar aparecendo na mídia como vítima, um pobre coitado que está sendo perseguido.
Assim como as portas do PDT ficaram abertas para sua entrada, estão do mesmo jeito para sua saída. Não haverá problema nenhum. Partido é que não falta para o edil escolher. São mais de trinta.
O vereador ficou chateado com uma verdade dita pelo médico Antônio Mangabeira, presidente do diretório municipal. Ou seja, que ele foi “traidor”, se referindo ao fato de Guinho ter feito um acordo com o então candidato a deputado federal Joceval Rodrigues, do PPS lá de Salvador.
Em troca de alguns votos soteropolitanos, a turma de Guinho trabalhou para Joceval em Itabuna, sem nenhum tipo de constrangimento e de maneira escancarada, sem nenhuma preocupação com a repercussão.
Pois é. Enquanto o pessoal de Guinho pedia votos para um político de outro partido, Mangabeira, candidato a deputado federal, dizia não a vários deputados estaduais que o procuravam para fazer a tal da “dobradinha”.
Eu mesmo cheguei a conversar com alguns candidatos à Assembleia Legislativa do PDT. A resposta era sempre a mesma: “Olhe, aqui em Itabuna temos um candidato a deputado estadual, é o vereador Enderson Guinho”.
Enquanto a Executiva do PDT dizia não a quem procurava Mangabeira para fazer uma aliança, o vereador se acertava com Josival Rodrigues, com seu pessoal distribuindo santinhos não só em Itabuna, fazendo boca de urna, como em outras cidades.
Mas mesmo com a constatação da infidelidade partidária, facilmente comprovada, contrariando o estatuto do PDT, cuja pena mais grave é a expulsão e perda do mandato do infiel, o diretório municipal prefere que o vereador saia de maneira espontânea.
Não sei qual a posição do comando estadual do PDT, sob a batuta do deputado Félix Júnior. Mas dependendo dos pedetistas de Itabuna, Guinho pode sair “numa boa”, como dizem os mais jovens. Vale lembrar que Félix, a pedido de Mangabeira, se empenhou pessoalmente para garantir a candidatura de Guinho, uma espécie de “padrinho político”.
Não posso é deixar de concordar com Mangabeira, não porque é o presidente do PDT, mas por está coberto de razão quando diz que Guinho traiu o partido. Quem trai é traidor, passa a ser “persona non grata”.
PS – Minha experiência, assentada em mais de 35 anos fazendo política, e no mesmo partido, o PDT, diz que Guinho não será candidato a prefeito de Itabuna e nem a vice. Não vai trocar uma reeleição certa, sua recondução ao Legislativo, por uma aventura. Guinho não é nenhum Tarzan. Seu maior problema é a exacerbada e incontida vaidade. Quem é gigantescamente vaidoso, termina cuspindo no prato que comeu.
