ATÉ QUANDO O GOVERNADOR RUI COSTA VAI TER PACIÊNCIA COM O PT?


Na opinião de Wense, Rui Costa tem que se definir sobre continuar ou não no PT


Essa é a pergunta que começa a tomar conta do staff petista ligado ao chefe do Palácio de Ondina, que disputa com ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador, quem tem a melhor aprovação na gestão. As pesquisas apontam uma ligeira vantagem para o demista.

As pessoas mais próximas do governador já admitem que seu silêncio diante das declarações de ilustres “companheiros” caminha para o limite do suportável. Não tem mais como a maior autoridade estadual do Poder Executivo optar por não dizer nada para evitar um conflito mais agudo com a cúpula da legenda, mais especificamente com o lulopetismo.

Ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffamann, com o aval de Luiz Inácio Lula da Silva, tem Rui Costa como carta fora do baralho na sucessão de Bolsonaro. O desdém com Rui chega ao ponto de sequer colocá-lo na possibilidade de ser o vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad, o queridinho de Lula, seu “poste” predileto.

O mais importante diretório municipal do país, sem dúvida o do PT de São Paulo, tem um escancarado preconceito com o braço do petismo no nordeste. Nesse ponto é igualzinho ao tucanato paulistano. O deputado federal Paulo Teixeira, que é vice-presidente nacional da legenda, excluiu Rui Costa da discussão sobre a eleição de 2022. É proibido falar o nome do governador da Bahia quando o assunto é a sucessão de Bolsonaro. Rui é o “patinho feio”. Tudo com a complacência da senhora Hoffamann.

Pois é. Como não bastassem as articulações para tirar Rui Costa da sucessão presidencial, tem o começo, cada vez mais acentuado, de um nítido esfriamento entre o governador e o senador Jaques Wagner, que já não conversam como em priscas eras. É perceptível a falta de diálogo entre as duas maiores lideranças do PT da Bahia.

O fato de Wagner ser considerado o “criador” político de Rui, sendo seu sofisticado cabo eleitoral em duas eleições para o governo da Bahia, não pode servir de motivo para que o parlamentar venha a tomar determinadas atitudes que possam prejudicar sua cria política, como, por exemplo, que Rui Costa conclua seu mandato até o último dia, não disputando nenhum cargo eletivo em 2022 e, como consequência, fora dos holofotes da política por dois anos.

Volto a dizer que, mais cedo ou mais tarde, o governador Rui Costa vai ter que tomar uma posição em relação ao seu futuro político. Não pode mais ficar nessa dependência com o petismo, cuja cúpula o considera “persona non grata”. Rui tem luz própria, já pode andar com suas próprias pernas. Com efeito, muitos analistas políticos acreditam até que o rompimento de Rui com o PT possa aumentar suas intenções de voto.

O mais recente impasse entre Rui e Wagner diz respeito à sucessão do cobiçado Palácio Thomé de Souza, que é uma espécie de termômetro para o pleito de 2022. O senador, depois do fracasso na tentativa de Bellintani, defende, contra a vontade do governador Rui Costa, à pré-candidatura do deputado estadual Robinson Almeida (PT), ex-secretario de Comunicação no então governo Wagner. Portanto, mais um silencioso pega-pega entre o criador e a criatura.

Nos bastidores, o que se comenta, agora de maneira mais incisiva, é que Rui já começa a pensar na sua próxima legenda, pela qual disputaria uma vaga para o Senado da República ou uma candidatura a vice-presidente em uma chapa com Ciro Gomes (PDT). O PSB é tido como o mais provável partido de Rui caso saia do PT e se liberte do lulopetismo.

Rui Costa. Foto: arquivo/Diário Bahia

Não sei até quando o governador Rui Costa vai preferir o ensinamento do padre Fábio Melo: “O silêncio é a resposta mais sábia que podemos dar aos tolos”.