Babá Cearense: o mascate “prefeito” vira vereador em Itabuna



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Babá Cearense vive em Itabuna há 18 anos

 

Por Celina Santos

 

“Ele veio como mascate de Juazeiro do Norte/
Trouxe pra Itabuna bagagem de esforço e sorte/
No bairro Santa Clara é tido como prefeito/
Porque atende aos moradores /
E pra tudo dá um jeito”

Já que estamos falando de um “cabra” do Ceará, rabiscos de versos inspirados na literatura de cordel poderiam resumir o caminho do vereador recém-eleito Babá Cearense, que recebeu 830 votos pelo PHS. Ele foi registrado como Erivanio Sobreira, tem 47 anos e o cuidado com os 13 irmãos mais novos lhe rendeu o apelido que carrega pela vida inteira.
Venceu na segunda candidatura e considera que a mudança do PMDB, onde ficou por quase seis anos, foi fundamental na vitória. Para o futuro edil, não sofrerá pressões no cargo, porque tem ideias comuns ao presidente do partido, Val Cabral. “Ele me deu carta branca. A priori, vamos fiscalizar o Executivo, procurar seguir o regimento”, afirmou, preferindo não citar projetos que pretende apresentar. Babá tem ensino médio completo.
Sobre a relação com o gestor de Itabuna, independentemente de quem será ele, o cearense tem um posicionamento já bem definido: “Não vou ser contra o prefeito. O que quero é que trabalhe a favor da população, que traga benefícios. O que for bom para Itabuna eu aprovo”.

Do bolo ao Santa Clara
Babá vive em Itabuna há 18 anos e chegou à cidade vendendo bolos de porta em porta. “Eu vendia fiado no cartãozinho, com prazo de 8 a 15 dias”, lembrou. Depois, como um legítimo mascate, passou a vender utilidades para o lar (cama, mesa e banho), sempre com o bom e velho “cartãozinho”. Na sequência, comercializava cestas básicas. Empreendedor, hoje ele repassa michelines para as pessoas venderem.
Babá Cearense morou inicialmente no bairro de Fátima, junto com a esposa (com quem é casado há 31 anos) e os quatro filhos. Há uma década, mudou-se para o Santa Clara e ali conquistou popularidade, com ações voltadas para incentivo ao esporte e ao lazer – entre elas, construção de quadras de areia e parques infantis. Além disso, habitualmente levava pessoas ao hospital ou a qualquer outro lugar que dependesse de transporte. “A hora que me chamar eu estou disposto”, diz.
A seguir, colocações do vereador apenas sobre o momento pós-eleição.

 

Como o senhor se coloca diante das articulações dos vereadores novatos em busca da mesa-diretora da Câmara?
Até agora, nós formamos um grupo, mas não tem nada definido sobre quem vai ser o presidente. No momento, estamos consolidando o grupo.

Estão formando o grupo para definir os nomes da mesa…
Sim. O nosso candidato a presidente vai sair desse grupo, mas até agora ninguém sabe quem é. Não foi apontado nenhum nome. As pessoas estão vendo Ricardo Xavier e Beto Dourado sempre na frente, mas é porque eles foram os idealizadores desse modelo – juntamente comigo e Chico Reis.

O senhor poderia dizer que foi uma espécie de prefeito para o bairro Santa Clara?
Acho que pode se falar nisso. Porque é um trabalho que a gente vem fazendo há muitos anos. Fui morar lá há 10 anos.

Por outro lado, é um bairro popular e o senhor será muito cobrado como vereador, para atender às demandas dos moradores. Como vai lidar com isso?
Lá no Santa Clara não tem muito esse tipo de cobrança. Simplesmente, as pessoas querem aquilo que eu já estou fazendo (quadra de areia, parquinhos infantis, levar pessoas ao hospital – a qualquer hora que pedem, estou sempre disposto. E eu estou tranquilo em relação a isso. Vai ser do jeito que eu sou até hoje: se posso ajudar, ajudo; se não posso, não vou prometer nem vou ficar fazendo a pessoa de besta, “venha hoje, venha amanhã”. O que posso fazer eu resolvo na hora e pronto. Gosto de jogar de forma clara e objetiva; esse é o meu perfil.