Baiano festeja 118 anos com saúde, vaidade e firmeza


Seu Zé Pequeno, morador da zona rural de Itajuípe, é um dos mais longevos habitantes do estado


José Ferreira dos Santos, espelho de uma vida com vigor (Fotos: Erenilson Silva)

 Os livros de História ainda não registram, mas no sul da Bahia há um personagem que pode, sim, estar eternizado em várias páginas. Ele é José Ferreira dos Santos, que celebra 118 anos de vida neste 09 de novembro de 2018. Fez as contas? Seu Zé Pequeno, como é conhecido, chegou ao mundo no início do século XX.

O homem franzino, de olhar atento, nasceu no município de Rio Real (na época, Barracão), no Noroeste da Bahia, mas hoje vive no distrito de União Queimada, em Itajuípe. Os documentos atestam que ele foi registrado em Buerarema, após uma vida bastante cigana. Passou por várias cidades, inclusive São José da Vitória, antes de aportar no local onde mora. Talvez seja o morador mais velho do estado – e, certamente, um dos mais longevos do Brasil!

Zé Pequeno e Lindaura estão juntos há 78 anos

Calma e lucidez

Quem primeiro nos relatou sobre o ilustre aniversariante José Ferreira foi o autônomo e blogueiro Erenilson Santos da Silva (Erê). O profissional foi à casa do senhor de voz mansa e certa timidez e compartilhou a visita com o Diário Bahia. “Ele é calmo, lúcido dentro da realidade da idade, brinca de forma discreta…”, descreveu.

Quando o visitante lhe tocou o braço, o centenário baiano logo avisou: “Não gosto de chamego com homem”. Mas o recado não impediu que seu Zé Pequeno colocasse o boné a lhe enfeitar as madeixas, resistisse a tirar o adereço e contasse um pouco da sua caminhada. Por falar nisso, ele anda normalmente, apenas com o auxílio da boa e velha bengala.

Ao lado, falando um pouco do companheiro, estava dona Lindaura Rocha de Jesus, de 98 anos. Eles são casados há 78! O casal teve 11 filhos, dos quais seis estão vivos. Sobre o jeito de ser do marido, ela entrega, lembrando que ele teve outro relacionamento, anterior a esta longa união: “Ele era muito namorador e gostava de um forró. Deu muito trabalho”.

A esposa contou que o marido dorme cedo e come de tudo. No passado, ele já bebeu, fumou e até mascou fumo de corda – um hábito antigo, para “arear” os dentes, como diz a cultura popular. Mas os hábitos da juventude não impediram que hoje mantenha a pressão em 12 por 8 e a taxa de glicose regular. Tem apenas uma alteração na próstata, devidamente acompanhada pelo médico. E o técnico em enfermagem Elizeu Santana também é presença constante na casa de seu Zé Pequeno.

Reza a lenda familiar que o centenário já viu Lampião, mas este é um assunto do qual ele prefere não falar. Porém, há relatos de que, realmente, o cangaceiro nordestino passou pela região do então povoado de Barracão. Esta e tantas outras histórias ficam no imaginário – e nas recordações – desse baiano de 118 anos, para admiração de todos que sonham com uma longa vida.