BASE ALIADA E A SUCESSÃO DE SALVADOR


A vontade de derrotar o DEM é o maior desejo do lulopetismo, diz Marco Wense


Todo partido que compõe a base de sustentação política do governo Rui Costa (PT) tem o direito de disputar a prefeitura de Salvador. O fato de ser aliado do morador mais ilustre do Palácio de Ondina não impede que a sigla dispute a sucessão de ACM Neto (DEM).

Aliança não significa perda de autonomia por parte das legendas aliadas, que têm seu próprio caminho e a melhor maneira de buscar a sobrevivência política. Mandar no PT é uma coisa, querer ditar o comportamento de outras agremiações partidárias é uma afronta, um desrespeito, uma ingerência inaceitável.

Como não deu certo a pressão sobre as pré-candidaturas do pastor Sargento Isidório (Avante), Lídice da Mata (PSB) e Olívia Santana (PCdoB), o petismo diz que tem uma pesquisa interna que mostra o crescimento de Denice Santiago quando é apresentada como a prefeiturável do ex-presidente Lula, do senador Jaques Wagner e do governador Rui Costa, insinuando que a major vai para o segundo turno.

Existe mesmo essa pesquisa? Essa pergunta começa a tomar conta dos bastidores do processo sucessório soteropolitano. É evidente que com o apoio dessas três lideranças do PT, principalmente de Rui Costa, a posição de Denice nas consultas deve melhorar. Não se sabe se ao ponto de levá-la para uma provável segunda etapa eleitoral.

Toda essa movimentação do PT para viabilizar eleitoralmente Denice, dando estofo político a sua pré-candidatura, faz parte do jogo. Qualquer partido no maior cargo do Poder Executivo estadual faria a mesma coisa. A vontade de derrotar o DEM, que já governa a capital por muito tempo, é o maior desejo do lulopetismo.

O receio de ter uma derrota acachapante em Salvador, até mesmo com a vitória de Bruno Reis (DEM) logo no primeiro turno, é a agonia do dia a dia no staff petista. O apelo de Wagner para que a base aliada se entenda foi dramático, só faltou um “pelo amor de Deus”. Wagner sabe que mais uma derrota em Salvador significa mais um obstáculo na sua pré-candidatura ao governo da Bahia em 2022, tida como favas contadas e uma exigência do ex-presidente Lula.

Não foi a pesquisa em si que deixou os outros prefeituráveis da base aliada irritados. Eles também fazem as suas enquetes. Foi a maneira como o PT passou a informação para os meios de comunicação, desdenhando as pré-candidaturas. Disse que a do pastor Isidório vem definhando e as de Lídice e Olívia não preocupam, como se elas estivessem em uma posição nada confortável nas intenções de voto.

Concluo dizendo que o senador Jaques Wagner não queria candidatura própria do PT na sucessão de ACM Neto. O senador, pensando no pleito de 2022, era favorável a uma composição majoritária com nomes da base aliada. Uma maneira até de unir as legendas em torno da sua pretensão de governar o Estado pela terceira vez.

O governador Rui Costa, no entanto, colocou na cabeça que pode eleger a major Denice, assim como Wagner, contra tudo e todos, o elegeu para o governo da Bahia.