Chegue aqui rapidinho, me diga aqui uma coisa: quantas vezes você já se pegou vivendo uma vida que não parece sua? Quantas vezes você já sentiu como se não habitasse seu corpo? Quantas decisões, grandes ou pequenas, você tomou apenas para corresponder às expectativas que colocaram sobre você? Talvez você nem tenha parado para perceber, mas a cada vez que cedeu, abandonou um pedaço de si.
A prisão invisível das expectativas alheias é uma das mais traiçoeiras. Não tem grades, nem cadeado, mas prende de forma implacável! É quando você deixa que as opiniões, os rótulos, os adjetivos e os julgamentos dos outros conduzam sua vida. E, ao fazer isso, esquece que a responsabilidade de viver a SUA vida é unicamente sua. O óbvio precisa ser dito, não é?
Os adjetivos prendem. “Sempre tão responsável”, “tão esforçado”, “uma boa filha, tão perfeita”. Esses adjetivos são bonitinhos, podem muitas vezes soar como elogios mesmo, mas quando fixamos a nossa vida em manter essa imagem que constroem da gente, eles se tornam verdadeiras âncoras que nos impedem de navegar. Criamos uma personalidade unicamente baseada no que esperam de nós e passamos a evitar qualquer coisa que desafie essa imagem, meu Deus do céu!
Por medo de desapontar, de fracassar, ou de perder a aprovação alheia, aceitamos trajetórias que não são nossas, carregamos pesos que não precisamos e, no fim, adiamos ou realmente colocamos uma pá de cal em cima dos nossos verdadeiros desejos e sonhos. Do que queremos, lá no fundo da nossa alma.
E aí entra uma figura importante nesse rolê: o medo de quebrar a cara. O medo de errar, de tomar decisões que nos levem a um caminho incerto. O medo de quebrar a cara é a desculpa perfeita para não fazer escolhas. Encaixa que nem lego, sabe? Seguir o caminho que ditam, escrevem e esperam de nós é seguro. Parece contraditório? Mas repare, caso não dê certo, chegue mais pertinho de mim aqui para eu te contar um segredo, temos em quem colocar a culpa, não é mesmo? E alimentar essa roda de comodismo, reclamação, vitimismo e falta de atitude. Reclamar é mais fácil que resolver.
Agora me acompanhe aqui no raciocínio, meu amado ser que lê estas linhas aí do outro lado, quem é que paga o preço da frustração? Quem vai carregar o peso de uma vida cheia de “e se”? Bingo! Você! As pessoas estão ocupadas demais vivendo as vidas delas e a sua vida é unicamente responsabilidade sua. A única pessoa que vai arcar com as consequências é você. Pare de se iludir, é a sua vida que está passando.
Assumir o controle do barco da sua vida não é fácil, eu sei. Exige coragem para errar, para enfrentar as tempestades, bancar e sustentar o desconforto sem fazer birra igual menino pequeno. Mas ser adulto é exatamente isso: pagar o preço das decisões que você toma. E existem os louros e ganhos do processo também, lembre disso!
Viver com autenticidade requer abandonar a necessidade de certeza absoluta. Nunca saberemos cem por cento se estamos no caminho certo, nunca teremos todas as garantias, viver é um risco! Mas é nesse risco que mora a beleza da vida, é nele que abrimos espaço para as infinitas possibilidades. E, quando aprendemos a lidar com o erro, com o aprendizado que ele traz, deixamos de temer o fracasso e passamos a abraçar o processo.
A quem você tem dado as rédeas do seu barco? Será que não é hora de retomar o controle e navegar por mares que verdadeiramente ressoem com quem você é e com o que deseja ser?
Não importa se o caminho escolhido é mais incerto, se parece mais arriscado. Importa que ele seja seu. Que você viva a sua verdade, não a que os outros projetaram para você. Porque, no final das contas, o peso da frustração é muito maior que o risco de tentar.
E, se por acaso você quebrar a cara, meu amado, lembre-se: dá para levantar, aprender, corrigir a rota e seguir em frente. Afinal, qual é mesmo o grande problema em quebrar a cara? Perca esse medo.
Tome o leme do seu barco e navegue. O mar da vida é vasto e você é imensidão, abrace isso!
Mariana Benedito – Psicanalista e Psicoterapeuta
Instagram: @maribenedito