Derrubada de árvores em Ilhéus vai parar na Justiça


Prefeito e secretários municipais responderão a processo no TJ-Ba


São altos os impactos do corte de oito amendoeiras, sem justificativa nem licença ambiental

Chegou ao Tribunal de Justiça da Bahia uma ação civil pública de improbidade administrativa por causa da derrubada de oito árvores na avenida Soares Lopes, em Ilhéus, sem o devido replantio.

Entre as consequências, o corte tirou o descanso de aves, principalmente maritacas, que costumavam sobrevoar e pousar no local diariamente. Algumas até morreram.

O processo inclui pedido de indenização por dano moral coletivo/ambiental e foi movido pelo movimento Preserva Ilhéus, do qual fazem parte as ONGs Floresta Viva e Nossa Ilhéus. A ação tem como réus o prefeito Mário Alexandre, o secretário de Meio Ambiente, Mozart Aragão, e o ex-secretário de Serviços Urbanos, Hermano Fahning.

O movimento em questão nasceu de forma espontânea exatamente a partir do corte abrupto das amendoeiras, no último dia 07 de julho.

Pedido de punição

A mobilização – agora judicial – alerta que não houve diálogo com a comunidade, tampouco alguma medida mitigadora em relação às aves afetadas. “E o que é mais grave é que de fato não há nenhuma justificativa para a supressão dessas árvores”, pontuam. Assinada pela advogada Marta Serafim, a defesa salienta, ainda, que não existiu licenciamento ambiental que autorizasse essa supressão.

A ação defende, portanto, que os agentes políticos citados sofram as penalidades previstas na Lei de Improbidade Administrativa. Junto a elas, aplicação de multa de até 100 vezes o valor do salário; proibição de contratar com o poder público; suspensão de direitos políticos e até perda de função pública e indenização por dano ambiental e moral coletivo.

As árvores foram cortadas há dois meses, mas ainda não houve replantio

Manual de Arborização

Além disso, visa a urgente suspensão de todo e qualquer corte e/ou poda de árvores naquela avenida e em todo o perímetro urbano de Ilhéus – desde que não seja caso de ameaça à vida ou ao patrimônio.

Tal determinação busca valer até que o município adote e utilize um Manual de Arborização, como exige o Plano diretor; o replantio das árvores por espécies da Mata Atlântica e a aplicação de medidas a curto, médio e longo prazo a fim de aliviar o sofrimento das aves.

Outro pleito do grupo é que o Ministério Público apure os “crimes ambiental e de prevaricação caso fique provado que a verba pública utilizada para a supressão das árvores tenha sido feita em benefício de terceiros”.

Outro lado

A prefeitura de Ilhéus informou que, na primeira quinzena de agosto, enviou ao Ministério Público Estadual um plano de ação para mitigar os danos causados.

Já o MP, após ter recebido cerca de 30 denúncias sobre esse assunto, anunciou que deverá posicionar-se até meados de outubro.