Derrubando barreiras


Mariana Benedito: “a gente perde vida na manutenção dessa relação ambivalente de amor e ódio”


 

Uma das grandes dificuldades que a gente enfrenta quando o assunto é se relacionar é derrubar os muros que a gente cria após algumas decepções, mágoas, interpretações de abandono e confiar na construção de relacionamentos saudáveis.

Tem uma frase de Rumi – um poeta e mestre espiritual persa do século XIII que eu, particularmente, gosto muito – que diz que a nossa maior tarefa não é buscar o amor, mas procurar e desfazer as barreiras dentro de nós que construímos contra ele.

E essa frase é uma das minhas favoritas! Você consegue sentir a verdade que essa frase carrega, meu amado leitor? No fundo do seu coração e da sua alma?

Repare como a gente passa uma vida construindo muros. E você pode, neste exato momento, pensar que nos protegem de sofrer. Sim, protegem; mas o mesmo esforço e dispêndio de energia que a gente gasta para nos proteger da dor, a gente gasta para se afastar do amor. O muro é o mesmo! Uma coisa é consequência da outra.

A gente passa uma vida brigando. Uma briga interna. Raiva, pactos de vingança inconscientes, ideias de separação, jogos de acusação, busca por culpados. A gente passa uma vida fortalecendo esse muro. Essa briga. Essa relação. E isso cansa, meu caro leitor! É exaustivo! Cansa porque demanda uma energia gigantesca, que é totalmente contrária àquilo que somos, em essência.

De verdade verdadeira, a gente perde vida na manutenção dessa relação ambivalente de amor e ódio. Seja porque na nossa infância interpretamos alguma situação como abandono, como falta, como vazio. Seja porque sofremos decepções, frustrações, dores. A gente vai colocando mais tijolo na estrutura desse muro que a gente teima em construir contra o amor. Mas ô bichinho ainda mais teimoso é esse tal de Amor!

Ele sempre esteve e estará lá. Lá, não. Aí. Aqui. Dentro da gente! E ele fica buscando uma brecha, doidinho pra sair e ganhar esse mundão de meu Deus! Ele é inerente, pulsante, vibrante e inesgotável dentro de nós! A gente que esqueceu isso.

A gente esqueceu…

Mas chega uma hora que a gente sente que precisa parar de brigar aqui dentro, meu amado ser de luz que me lê aí do outro lado destas linhas. Chega o momento em que a gente simplesmente não tem mais força pra continuar fugindo, para continuar colocando cimento e concreto nesse muro. O Amor que existe na gente se reboliça para se manifestar, ele precisa sair. Precisa servir! O Amor precisa amar!

E a grande questão não é aprender a amar. Esqueça isso, meu tão querido leitor. A chave mestra aqui é aprender a desodiar.

E eu te pergunto, meu amado, o que te impede?