Direita, esquerda, volver!


A direita sofreu seu mais duro golpe. Entretanto, é de bom tom ressaltar que nem toda a direita é extremista


Por Kiko de Assis 


Surfando na onda dos escândalos políticos que ocupam os noticiários, faço aqui uma modesta avaliação acerca das disputas polarizadas do último pleito. Contenda que ainda faz parte do dia a dia dos brasileiros, alimentandos por fatos denunciados diuturnamente envolvendo corrupção, lavagem de dinheiro, prevaricação e um outro tanto ainda submerso nas águas, ou lama, da gestão passada.

Viaturas policiais estão sendo demonizadas e se tornaram um pesadelo para alguns atores amigo do alheio… Neste cenário de terra devastada as divergências programáticas e ideológicas deram o tom daquela disputa. Todavia, a dicotomia imposta na eleição, entre a direita e a esquerda, sob o prisma das legendas progressistas versus conservadoristas, pra não falar de extremistas, encontrou terreno fértil para que bandeiras ímprobas fossem desfraldadas sem culpa ou ressentimento.

A direita, sofreu seu mais duro golpe. Entretanto, é de bom tom ressaltar que nem toda a direita é extremista, assim como na esquerda também não se pode generalizar. Diz-se que há duas “direitas” no Brasil, a direita colonizadora, aquela que dá as cartas há séculos e a direita de Bolsonaro, esta, mais radical e de ética duvidosa… Vários setores da direita, inclusive a bolsonarista, também manifestaram desconforto com os impropérios do ex-presidente, que não media as palavras, gestos e obscenidades dentro da liturgia do cargo. Essa “desilusão” com o Bolsonaro e de alguns membros de seu governo, acabaram por contaminar uma grande parcela de seu eleitorado ávidos por uma postura mais austera e responsável.

Esse desencanto acabou por diluir o fenômeno do “Mito” e na mesma proporção, migrar para atores menos midiáticos, pautas mais liberais e menos populistas.
Bolsonaro transformou o sonho da direita em pesadelo! Trouxe para sua gestão um séquito de personagens risíveis e absolutamente descompromissados com o país.

Misturou política com religião e militarizou os ministérios. Ingredientes perfeitos para desfiguração de qualquer projeto. Ao negar o Centrão, nas palavras do todo poderoso General Augusto Heleno e depois afirmar que ele, Bolsonaro, era o próprio Centrão, o caldo entornou… A excrecência do orçamento secreto, fórmula de poder compartilhado, adotado pelo presidente, enfraqueceu sua retórica e mesmo os fãs mais radicais, botaram as barbas de molho. O epílogo para o fenômeno Bolsonaro está longe de acabar, pois, enquanto houver na sociedade grupos que desprezam a educação, a cultura e a ciência, Bolsonaro estará vivo! São para estes, a claque barulhenta e facciosa que acionam celulares para espaço sideral ou que acampam em busca do Estado Militar, que o bolsonarismo resistirá, pois, não há regras para os iludidos nem limites para a insanidade. A caravana passa, entretanto, é prudente observar o crescimento mundial dos extremistas de todas as correntes! Nunca foi tão politicamente correto ficar à espreita do passo seguinte. É preciso estar atento e forte…


Kiko de Assis
Publicitário e Produtor Cultural