É caro pagar o preço


Que a gente possa focar na escolha e no que pode nos engrandecer


Mariana Benedito*

Começo a coluna desta semana, meu amado leitor, parafraseando o eterno Chorão, cantor e letrista brasileiro que morreu em 2013: cada escolha, uma renúncia, isso é a vida! E o que essa frase de Chorão tem a ver com o nosso tema? É preciso pagar o preço pelas nossas escolhas, meu caro. 

Tudo em nossa vida possui ônus e bônus. Lados positivos e negativos. Vantagens e desvantagens. Cada escolha carrega uma consequência. A cada escolha que a gente faz, abrimos mão de outras tantas. E é preciso ter firmeza no que a gente quer, no que a gente deseja alcançar, a longo prazo, para sustentar o peso das renúncias. 

É imaturo de nossa parte, meu amado ser de luz que me lê aí do outro lado, querer somente o lado bom de tudo. É infantil querer ficar só com o gostoso, com o confortável, com o fácil, com o caminho reto, com os prazeres. É infantil não querer assumir o preço e o peso das nossas consequências. Nós somos nós e as nossas consequências. 

É estar aberto ao serviço, à doação, ao aprimoramento interno, ao estabelecimento de virtudes

Amadurecer e ser adulto é pagar os preços. Isso é a vida acontecendo. É fazer escolhas e sustentá-las sem querer ficar somente com a parte boa. É estar aberto para as vantagens e lidar com as desvantagens. Ser adulto é entender que a gente não pode ter tudo. Nós somos limitados; temos tempo, vida e saúde limitados. Não adianta querer correr disso. Faça suas escolhas e assuma as consequências. 

Pagar o preço é realizar as mudanças necessárias para chegar onde a gente deseja. Se a gente almeja ter sucesso e destaque profissional, é preciso pagar o preço de se dedicar, se especializar, estudar, errar. Se a gente almeja ter um relacionamento saudável e construtivo, é preciso pagar o preço de se abrir, de trocar, de ouvir, de se mostrar vulnerável, de quebrar os medos e barreiras internos que nos impedem de seguir adiante em uma relação. Conquistar e ter a vida que a gente deseja, com uma biografia escrita à mão, a próprio punho, é pagar os preços. É estar aberto ao serviço, à doação, ao aprimoramento interno, ao estabelecimento de virtudes. É parar de fugir. É parar de se comportar como uma criança que acha que o mundo te deve tudo.

É fazer escolhas e sustentá-las sem querer ficar somente com a parte boa”

Ninguém te deve absolutamente nada. Entender isso é fundamental para o nosso desenvolvimento pessoal, meu caro. O nosso papel aqui é deixar um serviço bem feito, um rastro positivo, um caráter consolidado. Nosso papel aqui, neste mundão de meu Deus, é viver uma vida cheia de vida. Presente, com objetivos, com serviço e humildade. 

Querer abraçar o mundo, querer ficar com a parte legal e botar de lado os revezes, percalços e curvas do caminho são coisas de criança. E nós somos adultos. E adultos fazem escolhas sabendo que terão que pagar os preços de sustentá-las. E está tudo na mais perfeita ordem!

A gente fica tanto em dúvida de qual caminho seguir, porque se liga muito mais nas renúncias do que nas escolhas. Esse é um erro crasso! A gente fica se mirando no que vai nos faltar e não no que vai nos preencher. E até quando viveremos assim, meu amado leitor? Baseados na falta e no que não teremos, sem atentar para o que temos e podemos ter?

Cada escolha, uma renúncia.

Que a gente possa focar na escolha e no que pode nos engrandecer.

Que a renúncia sirva para nos firmar ainda mais na decisão.   


* Psicanalista; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; 

E-mail: mari.benedito@outlook.