Edmilton Carneiro defende legalidade e aponta bandeiras em busca da Prefeitura


“pra administrar uma cidade do porte de Itabuna, a gente não pode fechar as cancelas com o governador ou com o presidente”


Foto: Vanusa de Jesus/Diário Bahia

O advogado Edmilton Carneiro, no segundo mandato à frente da subseção da OAB em Itabuna, está entre os nomes que pretendem disputar o comando da Prefeitura na próxima eleição. Como profissional das leis, ele traz um discurso que repudia qualquer ilegalidade e, por outro lado, abraça causas caras ao cidadão, como segurança, cultura e esporte. O pré-candidato, com a natural posição de “estilingue”, dispara contra a “vidraça” do já denunciado excesso de contratações sem concurso no Executivo. Ele tem fugido do habitual “paletó mais gravata”, reforça aura de simplicidade e, embora filiado ao PSDB, hesitou em classificar o “ninho” tucano como um partido de direita. Prefere o (talvez) mais neutro termo “centro”.

 

Entre tantos pré-candidatos, por que o senhor merece ser o prefeito de Itabuna?

Estamos indo para esse embate não por vaidade. Pessoas que me pediram porque, segundo elas, Itabuna é carente de alguém que possa fazer diferente e diminuir esse perfil. Já que eu exerço um cargo que é voluntário, que precisa muito de mim, me cobra muito, acho que na Prefeitura não vai ser diferente. Eu tenho prazer de servir a meu povo, a minha gente e fico satisfeito com isso. Vou com esperança e coragem. Esperança de fazer as mudanças que realmente têm que ser feitas e contar com as pessoas de bem que acreditem nesse projeto e possam colaborar também. Tenho na cabeça ações que pretendemos fazer e que são inéditas. Temos que planejar Itabuna a partir do começo, da entrada. A cidade é abandonada da entrada, do início.

 O que traria como inédito?

Precisamos revitalizar as praças, falta em Itabuna uma equipe de jardinagem. As praças não têm flores, não têm plantas. Quando se revitaliza, coloca alguma planta, esquecem, não molham, isso é ruim para a autoestima das pessoas. Hoje há condição de se colocar wi-fi na praça, por conta da prefeitura, para que os jovens saiam de suas casas e fiquem ali conversando. Existem muitas formas de fazer.

 Para além da aparência da cidade, o que pode ser feito?

As pessoas estão nas periferias gritando pela atenção do poder público. Os jovens estão lá dizendo: ‘não olham pra a gente’. Outro dia, fui ao bairro Nova Califórnia e está a mesma coisa de 20 anos atrás. Não foi melhorado nada e assim são todos os outros bairros de Itabuna. As pessoas não são cuidadas, não existe um programa de esporte e cultura decente. No meu governo, o educador físico vai ter um papel fundamental. Porque tem que trabalhar com os idosos, com os jovens e não só criar um programa pra cuidar de esporte que seja apenas o futebol. Existem outras modalidades que a gente tem que atuar, pra tirar as pessoas … e fazer com que as crianças viessem nesse novo ritmo de esporte e saiam da criminalidade. Os estudantes estão evadindo da escola e ninguém sabe o porquê. Falo de esporte em todas as modalidades: basquete, handebol, voleibol … as crianças precisam participar de todas elas, porque nem todo mundo gosta de futebol.

 E sobre outros nichos que movimentam a economia?

As feiras livres, por exemplo, uma coisa que tem que ser urgente. Não podemos conviver com os comerciantes vendendo carnes penduradas com os urubus junto. Os comerciantes precisam ter o apoio do poder público para expor melhor seus produtos e as pessoas sintam prazer de ir à feira. Penso que o Centro Comercial deveria ser um grande mercado coberto e se achar uma linha de financiamento para ajudar aquelas pessoas a criarem seus equipamentos de exposição, com balcões, frigoríficos etc. Pra quem não sabe, grande parte da riqueza de Itabuna passa pelo Centro Comercial. Você chega quatro horas da manhã e as pessoas estão lá, recebendo mercadorias de outros estados, de alguns lugares da Bahia e também embarcando essas mercadorias para outros municípios. Durante a noite as pessoas estão trabalhando; no entanto, é o lugar mais abandonado de Itabuna.

 Eleito prefeito, o que o senhor poderia fazer contra a violência, que é um dos “calos” em Itabuna?

O prefeito não pode virar as costas pro governador justamente por isso. Está certo que a Segurança Pública é uma atribuição do estado, mas quem sofre as consequências é o município. Há 10 anos, Itabuna tinha um efetivo da Polícia Militar de 1500 homens; hoje não temos 400. Então, é preciso ter uma linha de entendimento pra melhorar isso. Mas a gente sabe que essa questão da violência passa pelo tráfico de drogas, que tem que ser combatido pela Polícia Federal – fechar as fronteiras –, mas nosso “calo” pra a questão da segurança é aumentar a autoestima das pessoas. Esses programas de cultura, de esporte, é nesse ponto que a gente quer bater e fazer com que as pessoas mudem a sua visão de mundo.

 Como é um homem das leis, o que diria que está totalmente fora da lei na cidade?

A contratação de pessoas sem observar a Constituição Federal, que obriga que toda contratação tem que ter o concurso público. Justamente porque contratação sem concurso apadrinha pessoas que, muitas vezes, não têm capacidade de assumir aquele cargo; agasalha os cabos eleitorais e deixa pessoas que têm capacidade de fora. Então, a legalidade também tem que imperar em uma gestão pública.

 A sua solução para reverter isso seria fazer um concurso público de imediato?

Primeiro, temos que saber quantos somos, quem somos e o que fazemos. O que estamos fazendo estamos fazendo bem feito? A quantidade de pessoas é necessária ou é demais? Essas avaliações têm que ser feitas através de um programa de auditoria de administração, para daí a gente ver se precisa contratar ou não, ver qual setor está deficiente ou não.

 E o que fazer com as pessoas que já foram contratadas?

Não podem continuar. Se constatada a questão ilegal, não posso concordar.

 Como será o seu relacionamento com o governador Rui Costa? Já que não faz parte da tal base aliada dele.

O PSDB é um partido de centro. É claro que pra administrar uma cidade do porte de Itabuna, a gente não pode fechar as cancelas com o governador ou com o presidente, simplesmente porque faz parte de um partido político ou outro. A gente tem que trabalhar pra administrar, porque isso vai ser bom pra todo mundo.

O senhor fala em centro para afastar o rótulo de legítimo candidato da direita, sempre atribuído ao PSDB?

O PSDB está alinhado com o grupo de ACM Neto e a tendência é realmente acompanhá-lo. Edmilton Carneiro aqui em Itabuna é um legítimo candidato e nós estamos trabalhando pra isso; estamos com nosso grupo formado e já com nosso grupo de vereadores quase pronto e estamos partindo para a pré-campanha efetivamente.

 A meta é eleger quantos vereadores?

Nós pretendemos contar com os 32 [candidatos] que a lei nos garante. E com os 30 por cento de mulheres – ou, se for a maioria mulheres, com 30 por cento de homens. Nossa meta é eleger três ou quatro vereadores.