“Esperamos que haja bom senso, pra que a gente não tenha um colapso da Saúde de Itabuna”



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Josivaldo Gonçalves

Por Celina Santos

 

O anunciado fechamento do Hospital São Lucas foi tema da reunião do Conselho Municipal de Saúde de Itabuna, na quarta-feira (3). O encontro contou com a presença de funcionários, sindicalistas, representantes da Santa Casa de Misericórdia e da Secretaria de Saúde. Nesta entrevista, o presidente do Conselho, Josivaldo Gonçalves, esclarece a posição daquele órgão de controle social e as providências daqui por diante.

 

Como o Conselho Municipal de Saúde se posiciona diante do anúncio de fechamento do Hospital São Lucas?

O Conselho é totalmente contrário ao fechamento do São Lucas nos moldes que estão apresentando agora. Porque tenho certeza que não vai ser benéfico para a comunidade. O São Lucas é uma das unidades que complementam as demais – o Calixto, o Hospital de Base. Sem contar a questão das referências. O São Lucas é referência para a cardíaca, bem como a oncologia. Fizemos esse debate no Conselho e foi criada uma comissão, juntamente com a Comissão de Saúde. Vamos visitar o hospital e fazer um relatório para voltar a discutir com a gestão municipal, a Santa Casa e o governo do estado. Inclusive, houve uma audiência na Justiça Federal em que os três estavam presentes – menos o Conselho. Então, deliberamos que vamos fazer esse acompanhamento.

 

De que maneira o Conselho avalia o funcionamento do hospital nos últimos anos?

Olha, nos últimos dois anos, o hospital, mesmo que precariamente, tem dado um suporte à população. Seja na parte ambulatorial, seja na de internamento. O objetivo era mesmo atender tanto a parte cardiológica como a de oncologia. Mas acaba atendendo outras situações, como algumas emergências e a parte ambulatorial. Nós consideramos que foi positivo o funcionamento. Como coloquei, é uma unidade que complementa as demais.

 

Até que ponto a UPA [Unidade de Pronto-Atendimento], que deverá ser concluída nos próximos meses, suprirá a demanda na região do bairro Monte Cristo ou de outras partes da cidade?

O objetivo da UPA é justamente fazer aquele primeiro atendimento. O paciente vai ficar lá numa observação de 24 horas; não é uma unidade de internamento. É a porta de entrada para os primeiros socorros e daí então o paciente ser referenciado para as unidades hospitalares. Consideramos que só uma UPA não vai dar conta pra toda a cidade. Para aquela região ali do Monte Cristo, tudo bem, acredito que sim. Mas ela ter a resolutividade de um hospital não vai; não é esse o objetivo. Esperamos que haja bom senso por parte da Secretaria de Saúde, do prefeito e o pessoal da Santa Casa, pra que a gente não tenha um colapso da Saúde de Itabuna. É preciso que nos debrucemos sobre esse assunto. Não tem como a UPA suprir uma unidade hospitalar. Sem contar que o recurso hoje destinado ao São Lucas, uma vez retirado, não vai ficar nem no Hospital de Base nem na Santa Casa; ele vai ser remanejado para o Hospital do Cacau. É importante que isso seja salientado para a comunidade e até para a própria gestão. Eles não vão ter esse recurso em mãos para fazer nada. Não podemos permitir que a gente perca uma unidade hospitalar e o recurso não fique no município.