FERNANDO GOMES E O “CRIADO”


"Você é alguém porque eu lhe fiz", disse o prefeito itabunense referindo-se a Azevedo


As críticas do capitão Azevedo ao governo Fernando Gomes é uma exigência do marketing político do pré-candidato do PL à prefeitura de Itabuna. Se dependesse exclusivamente do ex-alcaide, ele ficaria surdo, cego e mudo diante da atual gestão.

Não é do estilo de Azevedo esse comportamento de ir pra cima dos adversários. O capitão é um pacificador, tido como boa gente. Não é de criar polêmica e, muito menos, de lançar mão de discursos duros contra seus oponentes.

O que mais irritou o chefe do Executivo foi Azevedo declarar que “o dinheiro do povo não pode sair pelo ralo”, ao se referir ao contrato do lixo. Fernando, no seu conhecido estilo, de não levar desaforo para casa, soltou o verbo: “Você é alguém porque eu lhe fiz”, obviamente se referindo ao movediço e traiçoeiro mundo da política. Neste ponto, Fernando tem uma certa razão. Azevedo passou um bom tempo usufruindo da sua liderança.

A opinião entre os que fazem análise política é que esse pega-pega entre Fernando e Azevedo termina beneficiando o médico Antônio Mangabeira e o ex-deputado estadual Augusto Castro, respectivamente prefeituráveis do PDT e PSD, sem dúvida os dois nomes que podem mudar o ping-pong da política itabunense, esse entra e sai com os mesmos de sempre.

Quais são os dois maiores obstáculos para Fernando e Azevedo nessa corrida eleitoral para o comando do cobiçado centro administrativo Firmino Alves? No tocante ao atual gestor, o alto índice de rejeição apontado em todas as pesquisas. Quanto ao militar, o cada vez mais forte sentimento de mudança. Uma significativa parcela do eleitorado não pretende votar em quem já foi prefeito. Na última enquete que tive acesso, quase 65% do universo pesquisado.

Os marqueteiros do capitão, ao orientá-lo para fazer críticas a atual administração, visam a alta rejeição a Fernando. O objetivo é fazer com que Azevedo também “morda” um pedaço dessa repulsa ao atual governo, não deixando que o protagonismo do antifernandismo fique só com Mangabeira e Castro.

A missão de separar Azevedo de Fernando, a criatura do seu criador político, é complicada. Politicamente falando, principalmente no aspecto do populismo, são indissociáveis.

Como Mangabeira e Augusto Castro não têm nada a ver com esse imbróglio entre Fernando e Azevedo, vão tocando a campanha do jeito que acham melhor.

PS – No campo eminentemente político, podemos citar dois pontos que diferenciam Mangabeira de Augusto: 1) o prefeiturável do PDT vem fazendo oposição ao governo Fernando Gomes há muito tempo. Augusto, em decorrência de ter ido para a base aliada do governador Rui Costa, que tem o alcaide como um aliado, a ponto de Fernando colocar um adesivo do PT no peito, e fez questão de colocar no lado esquerdo, somente agora, depois de um silêncio profundo, resolveu fazer críticas a atual administração. 2) Mangabeira quer distância do PT. Augusto toparia ter o petista Geraldo Simões como seu vice.