A IRRESPONSABILIDADE INSTITUCIONAL E O CORONAVÍRUS


Marco Wense faz uma análise das consequências do Coronavirus


O cenário é muito preocupante. Estamos diante de uma situação que ninguém sabe o que vai acontecer amanhã. Na nossa frente um grande e denso nevoeiro. Só se enxerga o presente. O futuro é incerto e, para os mais pessimistas, aterrorizante.

Segundo pesquisa do instituto Locomotiva, publicada na edição do Estadão de hoje, “91 milhões de brasileiros deixaram de pagar pelo menos uma conta em abril. Em média, cada consumidor ficou com 4 pagamentos em aberto”.

Sobre o novo ministro da Saúde, o médico Nelson Teich, o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, diz que o oncologista “terá de manter o isolamento social ou arcar com aumento de mortos”. Finaliza dizendo que Teich “deve se basear no melhor conhecimento científico e nas recomendações da OMS para manter a luta contra o coronavírus”.

E aí, como fica o ministro com um chefe que desdenha o mundo científico, que acha que a Organização Mundial da Saúde é uma instituição que não deve ser levada a sério? Não tem cabimento um médico ser contra o isolamento social como o melhor caminho para combater a proliferação do maldito e cruel vírus. Nelson Teich não vai jogar na sarjeta toda sua vida de respeitado profissional da medicina.

Lá em Alagoas, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar um empresário que anda pregando a união de proprietários de estabelecimentos comerciais em torno de um plano para “dar um tiro” no governador do Estado, Renan Calheiros Filho (MDB).

Mas o que mais preocupa nessa crise é o desentendimento entre os Poderes da República no momento que o povo brasileiro, que o cidadão-eleitor-contribuinte passa por todo esse sofrimento, essa agonia do dia a dia. A maioria desesperançosa, sem acreditar em dias melhores em curto espaço de tempo.

O Judiciário, tendo como destaque sua instância máxima, o STF, em constante atrito com o Executivo. Este, por sua vez, não se entende com o Legislativo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, não quer conversar com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que também não quer diálogo com Guedes.

Que coisa, hein! Ninguém se entende. O preceito constitucional de que os Poderes devem ser independentes e harmônicos entre si foi jogado na lata do lixo. Essa irresponsável desarrumação institucional, faz com que a política, no sentido de poder, fique em primeiro plano em detrimento da luta para combater o maldito do coronavírus e, como consequência, o aumento do número de óbitos.

Que os senhores governantes e autoridades dos Poderes da República tenham juízo, sob pena de serem responsabilizados por uma catástrofe que pode provocar a morte de milhares de brasileiro