Jaques Wagner e a sucessão de Salvador


Wense analisa o papel do ex-ministro na articulação política em Salvador


Mesmo sem ser ainda nomeado secretário de Relações Institucionais, o senador Jaques Wagner vai dar início a maratona de conversas com os pré-candidatos da base aliada do governador Rui Costa à sucessão do prefeito ACM Neto (DEM).

Wagner tomou a iniciativa por dois motivos. O primeiro, é porque é postulante ao Palácio de Ondina no pleito de 2022. Portanto, uma maneira de se aproximar dos prefeituráveis visando sua candidatura. O outro motivo diz respeito ao fato de Rui Costa não ter habilidade e paciência na condução do processo sucessório. Vale lembrar que o imbróglio das compras dos respiradores deixou o chefe do Palácio de Ondina abatido, vivendo a agonia do dia a dia.

Como não bastasse o favoritismo de Bruno Reis, o nome indicado por ACM Neto, com a possibilidade até de liquidar a fatura logo no primeiro turno, a Major Denice Santiago, indicada pelo governador Rui Costa, vem tendo grandes dificuldades na sua pré-candidatura, que parece cada vez mais isolada e sem mostrar nenhuma empolgação.

A missão de Wagner não é nem levar a militar para a segunda etapa eleitoral. Sua principal tarefa é evitar que Bruno Reis seja eleito no primeiro turno, facilitando o caminho de ACM Neto rumo ao governo da Bahia em 2022.

Além dessa empreitada, Wagner terá lá na frente, com a proximidade da sucessão de Rui Costa, outro obstáculo: convencer o senador Otto Alencar a não ser candidato, desistir da sua legítima pretensão. Nos bastidores, o que se comenta é que existe um acordo entre o governador Rui Costa e o parlamentar, que é o presidente estadual do PSD.

Wagner é da opinião de que quanto mais candidatos da base aliada, mais possibilidade de um segundo turno. Acha que três candidaturas são suficientes para adiar o jogo sucessório, com Denice Santiago, Pastor Isidório e Bacelar, respectivamente pelo PT, Avante e Podemos.

O que chamou atenção nessa articulação de Wagner, que é reconhecido pela sua habilidade política, foi o fato de deixar de fora dos seus contatos Olívia Santana e Niltinho, ambos deputados estaduais e também prefeituráveis da base governista. Olívia pelo PCdoB e Niltinho pelo PP do vice-governador João Leão. A atitude de Wagner desagradou o histórico aliado PCdoB e lideranças políticas do PP.

Enquanto o PT se defronta com muitos obstáculos, a oposição, liderada por ACM Neto, que também é presidente nacional do Partido do Democratas (DEM), pilota o avião da sucessão soteropolitana em céu de brigadeiro.