João Otávio Macedo: POLÍTICA E CUSTOS


"Pesquisa também cita custo do judiciário, ”o mais caro, proporcionalmente, entre grandes democracias"


Nos últimos dias, ocorreu o prazo para que os senhores deputados e senadores pudessem trocar de partido e, muitos, assim o fizeram, escancarando a “ideologia” dos mesmos e o valor que dão aos partidos.

Entre a queda do Estado Novo, em 1945, e o movimento que depôs João Goulart, em 1964, o país conviveu com alguns partidos políticos e não era tão frequente a troca de legenda, pois cada partido representava determinados segmentos da população e, por muitos anos, os três principais partidos, o PSD (Partido Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e UDN (União Democrática Nacional) detinham as preferências do eleitorado; outros partidos também apareciam na cena política, mas sem a quantidade exagerada do que hoje se observa; também não se via a  frequente  troca de legenda e isso teve um fim após o movimento de 1964, quando os partidos  foram extintos, substituídos pelo bipartidarismo; por alguns anos a ARENA  passou a representar o partido do governo   e   o   MDB o  partido da oposição, com direito a sub-legendas; a  partir da  redemocratização ,novos partidos  surgiram até chegarmos a atual e  esdrúxula situação de mais de  30  partidos, colocando confusão na cabeça  do eleitor que acaba não sabendo  que ideologia, ou ideologias, existem em tais  agremiações. É uma  festa a troca de legendas e houve um caso, anos atrás , de  um deputado que, em um mesmo dia , trocou de partido três vezes; algumas  vozes já reclamaram  de  tantos partidos e, em 2013, na revista  VEJA, o político Geraldo Alckmin salientava que “não há  democracia no mundo que  funcione com trinta  partidos”; Ele, recentemente, também trocou de partido.

Por  falar em VEJA, na última edição, o articulista   Fernando Schuler cita um  trabalho do professor Luciano de  Castro e colaboradores sobre o custo do Congresso e é bom que os leitores  tomem conhecimento dessa  gastança do  dinheiro público. Nosso parlamento, incluindo a  Câmara dos  Deputados  e o  Senado  Federal, custa 0,15% do PIB e é o mais  caro do mundo. Cada parlamentar tem um custo de  5 milhões de reais anualmente quando, na Inglaterra ,sai por 477.000 reais.

O articulista  Fernando Schuler também cita o  trabalho da economista Marina Helena  Santos sobre  a  “farra” do Fundo Eleitoral, mais uma armadilha para  encher os bolsos dos parlamentares além do  grande número  de assessores.

A pesquisa também cita o custo do judiciário que é” o mais caro, proporcionalmente, entre as grandes  democracias”, custando 1,4 % do PIB quando na Alemanha, por  exemplo, custa 0,4 % . Mesmo custando  tanto, o articulista afirma que “tramita no Congresso, com chances de aprovação, a PEC 63, criando um adicional de  5 %  a cada cinco anos, nos vencimentos da magistratura”

A criação de Brasília  foi boa para o Brasil pois, entre outros benefícios,  abriu as  fronteiras que se encontravam adormecidas  naquela imensidão do cerrado; infelizmente   a mordomia  e  a corrupção  cresceram com Brasília, por  diversos  fatores.

Estamos em um ano eleitoral, com renovação do Congresso mas não acredito que nada  mude, pois ninguém quer  abrir  mão de  tantas  benesses. E depois ficam discutindo  sobre o “custo Brasil” e para  “entender o  Brasil.