MAIS UM DEVANEIO DE MORO



 

Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato, também ex-presidenciável do Podemos, hoje filiado ao União Brasil, tem todo o direito de disputar uma cadeira no Senado da República pelo Estado do Paraná.

Antes das maldosas interpretações, quero dizer que a Lava Jato, que teve início em março de 2014, foi importante no combate à corrupção e lavagem de dinheiro. Muita gente poderosa, que jamais imaginaria ir para a cadeia, terminou no xilindró. O problema é que a operação descambou para a política partidária e, como consequência, a perda do escopo e o começo da derrocada.

Moro tem pela frente, no seu desejo de ser um parlamentar, como principal adversário, o senador Álvaro Dias, que vai em busca da reeleição. Vale lembrar que Dias, dirigente-mor nacional do Podemos, endossou, avalizou, foi o padrinho político da filiação de Moro no partido.

Álvaro Dias estendeu um tapete azul para o ex-juiz. Só faltou florir o ambiente. Escancarou as portas e janelas da sigla para o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Deu no que deu: foi apunhalado, sem dó e piedade, pelas costas.

O Podemos gastou muito dinheiro dos fundos partidário e eleitoral para alavancar a pré-candidatura de Moro ao Palácio do Planalto. E dinheiro dos cofres públicos, meu, seu, de dona Maria, senhor João, enfim, do povo brasileiro, da cidadã, do cidadão-eleitor-contribuinte. Enquanto isso, 35 milhões de seres humanos passam fome.

A declaração do ex-juiz de que, se eleito, vai ser o grande líder da oposição, seja com Lula (PT) na presidência, Ciro Gomes (PDT) ou Bolsonaro (PL) conquistando o segundo mandato, permanecendo por mais quatro anos como morador mais ilustre do Alvorada, é mais um pesadelo entre muitos outros.

No mesmo dia que saiu a notícia da pré-candidatura de Moro ao Palácio do Planalto, depois do rompimento com o bolsonarismo, disse, com todas as letras maiúsculas, de pronto, sem fazer arrodeios, de que era de mentirinha. Os moristas ficarão tiriricas da vida.

Moro ser oposição, tudo bem. Mas ser o líder, tenha santa paciência. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o ex-magistrado não tem estofo político, liderança, competência, conteúdo para exercer a missão de representar um grupo político. Longe de Moro esses imprescindíveis atributos.

Moro está muito distante de ser o que pensa que é. Outro lembrete é que suas barbeiragens jurídicas, quando então juiz da Lava Jato, terminaram devolvendo ao ex-presidente Lula a sua elegibilidade, restabelecendo seus direitos políticos. O lulopetismo, penhoradamente, agradece.

Moro é, politicamente falando, um engodo. Matematicamente, um zero à esquerda. Musicalmente, um violão desafinado com o dono querendo tocar uma canção de Bob Dylan.