Nem surpresa, nem espanto



* Marco Wense

Quem vai ter mais problemas para compor a chapa que vai disputar o comando doPalácio de Ondina nas eleições de 2018, o governador Rui Costa (PT) ou o prefeito ACM Neto (DEM)?

A chapa majoritária tem quatro vagas: governador, o vice e duas para o senado da República. Em relação ao Parlamento, são vários caciques para poucas ocas.

Se ACM Neto tem o PMDB dos irmãos Vieira Lima, Rui Costa vice o dilema do PSB da senadora Lídice da Mata, cada vez mais longe de disputar sua reeleição pela base aliada.

De olho no bom tempo de televisão do PMDB, o alcaide soteropolitano quer o apoio do PMDB sem a companhia do deputado federal Lúcio Vieira Lima e, principalmente, do mano Geddel, investigado no âmbito da Operação Lava Jato.

O governador sabe da importância do PSD do senador Otto Alencar para a conquista do seu segundo mandato. Não vai ceder espaços para os socialistas em detrimento da força política do, digamos, “otismo”.

Sentindo o cheiro da fritura, pensando na sobrevivência política, o PSB procura se revigorar convidando lideranças políticas para a legenda, como o demista Zé Ronaldo, prefeito de Feira de Santana.

Zé Ronaldo é também postulante a uma vaga para disputar o Senado, mas tem a concorrência do PSDB, que tem Jutahy Júnior como postulante, e do PMDB.

Rui Costa

E qual seria a melhor solução para Rui Costa e ACM Neto, a que evitaria um desgaste maior e uma acomodação menos traumática?

O melhor caminho para a oposição é uma chapa com ACM Neto governador, o vice do PMDB, com a escolha recaindo sobre algum deputado estadual, e as duas vagas para o Senado com José Ronaldo e Jutahy Júnior.

ACM Neto é o óbvio ululante, um único oposicionista com viabilidade eleitoral para enfrentar o governador. É bom lembrar que o “já ganhou” dos petistas não é mais propagado.

O PMDB na vice evitaria a rebeldia dos Vieira Lima, garantindo assim o indispensável tempo no horário eleitoral. Aliás, é só o que a legenda tem para oferecer. O PSDB ficaria satisfeito e o DEM também.

Pelo lado do governismo, o vice de Rui continuaria João Leão, sob pena de criar um atrito com o PP. As duas vagas para o Parlamento com Jaques Wagner (PT) e Ângelo Coronel pelo PSD de Otto.

E o PCdoB, PDT e os outros partidos que compõem a base aliada do governo Rui Costa? Quando o assunto é a composição da chapa majoritária, comunistas, socialistas e pedetistas são como patinhos feios.

Toda essa análise, no entanto, pode ser desmoronada lá na frente. A política costuma surpreender e causar sobressaltos e fatos antes tidos como “imexíveis”.

Com efeito, o que pode provocar uma mudança em toda essa modesta opinião da Coluna Wense, são os resultados das pesquisas de intenção de votos.

Não é só uma parcela considerável do eleitorado que vai atrás do candidato que se encontra na dianteira das consultas. Muitos políticos também agem dessa maneira, são os oportunistas de plantão.

Concluo dizendo que nada está definido, que Rui Costa pode ser reeleito como ser derrotado. Reeleito pela opinião de que faz um bom governo e derrotado pela incontida vontade de mudar, assentada no “PT Nunca Mais”.

A disputa Rui Costa versus ACM Neto, antes tida como favas contadas pelos aliados do governador, vai ser acirrada. Qualquer desfecho não será surpresa e nem espanto.

PS – Interessados na ajuda financeira do governo, alguns chefes de Executivo, principalmente de partidos de oposição, andam dizendo que vai apoiar a reeleição de Rui Costa. “A traição é inerente ao mundo político”, dizia o saudoso e inesquecível jornalista Eduardo Anunciação.