Notícias falsas e a eleição de 2018



Depois da eleição americana de 2016, com a vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton, aumentou o interesse em relação às chamadas “fake news”.

Boa parte dos americanos acredita que as informações falsas sobre a candidata democrata, atribuídas a agentes do serviço secreto da Rússia, influenciaram no resultado do pleito.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instância máxima da Justiça eleitoral do Brasil, vai criar regras para punir os disseminadores de mentiras pelas redes sociais.

Segundo a revista Veja, a nota que mais atraiu a atenção dos internautas dizia respeito a uma notícia falsa de que o juiz Sérgio Moro teria se debruçado sobre a Bíblia ao condenar o ex-presidente Lula.

Para combater as inverdades que infestam o universo digital, a Veja criou no seu site o blog Me Engana que Eu Posto, que chega a registrar mais de 3 milhões de acessos por mês.

Portanto, quem tiver alguma dúvida sobre a veracidade de uma notícia, é só consultar o blog pelo telefone (11) 99967-9374, via WhatsApp.

A Veja constatou, através de uma pesquisa encomendada à consultoria Ideia Big Data, que o ex-presidente Lula, o atual Michel Temer e o juiz Moro são os alvos prediletos das “fake news”.

O pré-candidato ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, é o mais beneficiado com as notícias falsas, já que mais de 70% jogam confetes e engrandecem seu currículo político, sua biografia.

O levantamento da Veja cita algumas mentiras mais escabrosas envolvendo políticos: 1) “Vou ser presidente mesmo que passe por cima de Moro”, diz Lula. 2) Temer ameaça tirar a internet do Brasil. 3) Moro admite não ter prova contra Lula e sentença é baseada em convicção. 4) Dilma diz que “Lula está acima das leis e merece respeito”. 5) Bolsonaro quer o fim do IPVA. 6) Jean Wyllys propõe emenda à Bíblia para retirar termos homofóbicos.

Entre as “fake news” lá dos Estados Unidos, a mais comentada foi a de que Hillary Clinton participava de uma rede de pedofilia no porão da pizzaria Comet Ping Pong, em Washington.

Tem também a notícia que parece falsa, mas é verdadeira, como a de que Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, recebeu envelope com fezes em seu gabinete.

Em entrevista à Veja, o diretor do laboratório de pesquisa em mídias sociais da Universidade do Estado da Pensilvânia, Shyam Sundar, diz que “as pessoas tendem a acreditar apenas nas declarações que confirmam aquilo que corresponde às suas crenças”.

Outro detalhe levantado pela Veja, na sua boa e imperdível matéria, edição de 17 de janeiro, é que virou moda chamar de “fake news” o que simplesmente incomoda. Veja abaixo.

“Na semana passada, depois que o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem mostrando que o patrimônio imobiliário da família Bolsonaro subira para R$ 15 milhões de reais, o deputado Jair Bolsonaro reagiu dizendo que se tratava de “mais uma mentira da esquerda desesperada”.

Pode até existir desespero da esquerda, mas a informação não era mentirosa: documentos oficiais obtidos pelo jornal revelam que Bolsonaro e seus três filhos, apesar da dedicação à política nos últimos vinte anos, conseguiram enriquecer.

Bolsonaro seria o único exemplo conhecido no Brasil de um militar que, depois de trocar a farda pela política, conseguiu, honestamente, chegar aos 62 anos com alguns milhões de dólares no bolso.

Afinal, até em Mônaco um patrimônio de 15 milhões de reais – o equivalente a 5 milhões de dólares – é coisa de rico. Só falta explicar por que a notícia verdadeira incomodou tanto o deputado”.

Que se puna com rigor os propagadores de falsas notícias, que o TSE crie regras duras contra os responsáveis pelas “fake news”, principalmente para os militantes que atacam a reputação dos adversários políticos de seus candidatos.

Notícia verdadeira, sim. Que ela se espalhe rapidamente, sem dó e piedade contra quem cometeu crime. Quem pariu sua corrupção que balance.

Lula, PSDB e as pesquisas           

Se tivesse pelo menos um tucano na cadeia ou prestes a ser preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estaria nessa posição confortável nas pesquisas de intenção de votos.

Em todas as enquetes o petista aparece no topo e com uma frente considerável em relação ao segundo colocado, o deputado Jair Bolsonaro.

Quem vem mantendo Lula na dianteira é a opinião de que a Justiça só vai atrás de petistas, que políticos do PSDB são deixados de lado.

No imaginário do povão de Deus, onde Lula tem seu eleitorado mais fiel, essa “perseguição” cria um sentimento de revolta cada vez mais intenso.

Prende-se até gente do MDB e de outras legendas partidárias, mas do PSDB é como procurar cabeça de alfinete em um grande palheiro.

Entre muitos do tucanato que estão soltos, o destaque vai para José Serra, que segundo Pedro Novis, ex-diretor da Odebrecht, teria recebido 52 milhões de reais no Brasil e em contas no exterior.

Serra, sem dúvida o mais cínico da tucanagem – o mais traquino é o senador Aécio Neves –, vem recebendo propina de caixa dois desde 2002.

Até agora, nada. Muito pelo contrário. Serra quer que o Supremo Tribunal Federal esqueça dele, que exclua os depoimentos dados antes de 2010.

O engraçado é que Serra em vez de dizer que é honesto, provar que é um tucano de plumas e bico limpos, fica dizendo que as acusações são mentirosas, que já prescreveram.

Usa também o lado emocional para sensibilizar os membros do Judiciário. Fica com cara de choro falando que já é um velho de 75 anos, um pobre coitado que não sabia que o dindin era sujo.

Se não colocar um tucano vistoso na cadeia, Lula vai continuar como favorito na sucessão de Temer, se conseguir escapar da Lei da Ficha Limpa.

Se essa complacência com os tucanos permanecer, Lula, mesmo fora da disputa, será um forte “cabo eleitoral” para o candidato do próprio PT ou de outro partido.

A impressão que fica é que os componentes da Justiça detestam mortadela e adoram coxinha.

A frase de Temer      

Que coisa, hein! Os senhores políticos estão cada vez mais propositadamente esquecidos e fazendo de conta que não lembram do passado, mesmo que recente.

A frase do chefe maior do Poder Executivo, obviamente o presidente da República, o emedebista Michel Temer, é a prova inconteste desse “esquecimento”.

É muito cinismo para uma só pessoa. Não sei como é que consegue ser tão cara de pau sem mostrar nenhum tipo de constrangimento.

A frase de Temer – “Oposição não existe para derrubar o governo” – é daquelas que ficam na história pelo lado negativo, de como os políticos se comportam dentro e fora do poder.

Tenha a santa paciência! Pior do que oposição derrubando governo, é o próprio governo golpeando o governo, como fez Temer com a então presidente Dilma Vana Rousseff.

Ora, ora, Michel Temer era chamado de “companheiro” pelos petistas. Deu no que deu: várias apunhaladas pelas costas até o objetivo final: o impeachment de Dilma.

Agora vem Michel Temer se fantasiando de bom mocinho, como defensor implacável das instituições e do Estado democrático de direito.

Senhor presidente, menos. Assim sua impopularidade, que já é assustadora, vai terminar na lua. Ou melhor, em outro lugar. A lua não merece um governante dissimulado.

A candidatura de Neto

Muito disse-me-disse em torno da candidatura do prefeito ACM Neto ao Palácio de Ondina na sucessão do governador Rui Costa, que vai disputar o segundo mandato (reeleição).

O próximo presidente nacional do DEM sabe que, mais cedo ou mais tarde, terá que tomar a decisão política mais importante e difícil de sua vida.

É evidente que o alcaide soteropolitano acompanha o assunto pela imprensa, nas redes sociais e procura sondar o que pensa a oposição em relação a sua candidatura.

O PT sabe que a disputa Rui Costa versus ACM Neto é duríssima, que o resultado é imprevisível. Só alguns incautos petistas falam em vitória logo no primeiro turno.

Uma coisa é certa: a decisão de sair ou não candidato ao governo da Bahia será assentada em pesquisas de intenções de voto.

Se a eleição fosse hoje, ACM Neto seria candidato. Amanhã é uma outra avaliação, que pode reforçar ou não sua vontade de disputar o pleito.