NOVA DIÁSPORA


Debandada de jovens para  outros países em busca de melhores  condições de vida


Por João Otávio Macedo

        Vez  por  outra   estamos  observando alguns políticos, sociólogos e  outros  estudiosos   tentando  explicar o  nosso   Brasil; fica  sempre  a indagação  por que  este  país,  de  dimensões  continentais , fauna  e flora exuberantes, riquezas mil  no subsolo e, com tudo isso, é um dos países  que apresenta uma gritante  desigualdade  entre os seus  habitantes.

      Escritores  como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Sérgio  Buarque de Holanda e outros, deram a sua importante  contribuição tentando  explicar o nosso  país  mas,  a desigualdade  está aí firme, o patrimônio  dos mais  ricos  só  faz  aumentar, segundo lemos nos  diversos jornais  e revistas que abordam o  problema  econômico.

      Acompanhando a  história do  nosso  Brasil desde os 10 anos de idade, é bem verdade  sem o tirocínio  e um melhor entendimento que tenho depois de  ter alcançado  a maturidade  , consigo entender, um  pouco, do que é, verdadeiramente o nosso país  e nunca  me esqueço  de uma observação  do grande presidente  Fernando Henrique Cardoso quando disse que o “Brasil é isso que  está  aí”;  os  diversos  “brasis” que temos, com diversificação cultural, econômica  , social e política, apesar da unidade  linguística e  do grande trabalho  de promover  a unidade nacional  empreendida  pelos  integrantes  das nossas forças  armadas.

     A última edição da revista  VEJA   mostra  o que chama de “A Diáspora Brasileira  “, que é a debandada de jovens brasileiros  para  outros países, em busca de melhores  condições de vida; não  é a primeira  vez que isso acontece  porque , nos anos  80/90 , quando chegamos a ter uma inflação anual de 2.567,66 %, muitos  brasileiros  foram para outros países, a exemplo dos  Estados Um idos, Portugal e Japão;  para  as ilhas nipônicas, houve uma corrente migratória  contrária do que ocorreu no início do século passado, quando  muitos japoneses para aqui vieram; os  filhos e netos  desses imigrantes  voltavam à nação de seus antepassados.

     No inicio do século XX, calcula-se que  mais de   quatro milhões de imigrantes vieram  para o nosso país,  atraídos pelos acenos governamentais em busca de mão de obra para  suprir  a debandada  dos campos logo após o fim da escravidão; foram quando vieram os  italianos, os já   citados japoneses  poloneses,  portugueses, alemães e membros de outras  etnias,

      Pois bem, estamos  diante  de uma nova  diáspora,  com brasileiros, principalmente  jovens,  buscando  trabalho, segurança e melhores  condições de vida  em diversos  países, como Estados Unidos, Portugal, aparecendo países  que não eram muito procurados, como o México, Irlanda  e  Uruguai;   não foi citada  na  matéria de VEJA mas muitos  brasileiros  estão  indo para as  distantes  Austrália e  Nova  Zelândia.

     A revista VEJA, tal como a maioria  da imprensa  brasileira, joga a culpa nos ombros do presidente  Bolsonaro , mostrando que isso aumentou de  2019  para cá, o  que me parece mais uma  grande injustiça  apesar  das bobagens e da intempestividade que encontramos em alguns atos do presidente mas que, pelo menos o que  se  sabe, está comandando um governo sério e sem aquelas  roubalheiras que vimos  nos escândalos  do  “mensalão”  , Petrobrás e  de outros órgãos públicos, amplamente  mostrados  pelos meios de comunicação.

      É realmente para se lamentar tamanho  exôdo, justamente  quando nos encontramos  num dos países de maiores  condições para  dar trabalho ao  seu povo e se tornar, o que não deve  demorar muito, num  verdadeiro  celeiro do mundo.

      O escritor austríaco   Stefan Zweig, que viveu muitos  anos e morreu em Petrópolis disse, certa  vez,  que o “Brasil era o país do  futuro” e os  constantes  avanços na balança comercial, principalmente oriundos do agronegócio, não deixam nenhuma  dúvida  que  esse quadro está mudando; mas  precisamos, além da criação de emprego, de melhorar a segurança e  atenção à saúde, fazendo-se  cumprir  a   famosa “constituição cidadã” cantada em prosa e verso por  Ulysses Guimarães.

João Otavio Macedo.