O AEROPORTO



Finalmente estamos na semana das comemorações de mais um aniversário da nossa Itabuna; aquele pequeno arraial de Tabocas, que surgiu na segunda metade do século dezenove, hoje é uma das mais importantes cidades do nordeste; poderia estar bem melhor; nas últimas crônicas, comentamos as perdas e as festas que animavam a cidade; coisas que se perdem na voragem do tempo e não voltam mais; no final, tudo são coisas da vida.

Mas, hoje vamos falar sobre o passado do nosso aeroporto, mais uma perda da cidade e da região e que teve uma grande importância na economia e na nossa história.

Lá para as bandas de Bananeiras foi o local escolhido pelo fundador José Firmino Alves para estabelecer uma casa de negócios até passar, depois, para o que é hoje o centro da cidade; aquelas terras passaram, posteriormente, para Antonio Gonçalves Brandão, que transformou em pastaria; vizinho a este, encontrava-se Tertuliano Guedes de Pinho, o coronel Terto e, nas suas terras, desde 1918, os atiradores do Tiro de Guerra 473 praticavam o tiro ao alvo, no local conhecido como “stand do Tiro de Guerra”. Foi o Coronel Terto quem doou parte de suas terras para que fosse construído um campo de pouso para aviões de pequeno porte, como os famosos teco-tecos, graças a campanha encetada por alguns idealistas, como Julio Chagas e Mario Padre. A região contava, apenas, com o aeroporto de Pontal, em Ilhéus, inaugurado em 19 de maio de 1938.

Aponta-se a data de 15 de novembro de 1952 como a inauguração oficial do aeroporto de Itabuna, quando aviões de maior porte aterrissaram e decolaram  utilizando a pista de barro e as acanhadas instalações da estação de passageiros.

O aeroporto teve uma grande movimentação e servia tanto a Itabuna como à região; aeronaves de empresas com Real Aerovias, depois Nacional, depois Varig, Cruzeiro do Sul, depois VASP, pousavam e partiam com destinos a Salvador, Belo Horizonte, São Paulo , Rio de Janeiro, com conexões diversas; algumas aeronaves pernoitavam por aqui mesmo, saindo às 07:05 hs. da manhã, com destino a  Salvador, algumas vezes com escala em Ilhéus; havia um voo de volta, por volta das 15;30 hs. o que permitia que alguém fosse a  Salvador, resolver qualquer problema, retornando no mesmo dia. Era a época dos famosos e seguros DC-3, que depois foram substituídos pelos Avro e aviões de outras marcas e mais potentes. Reclamava-se da falta de asfalto na pista e das instalações de passageiros, que utilizava parte de um hangar. Mesmo com tais deficiências, por mais de três décadas o aeroporto apresentou um movimento considerável e nunca houve qualquer acidente com vítimas. Em 1955, a caravana do então presidente da república, Café Filho, desceu no nosso aeroporto, aqui pernoitando e seguindo, no outro dia, para inaugurar a Usina de Paulo Afonso.

Nos anos oitenta foi realizado o asfaltamento da pista e a construção, do outro lado, de uma moderna e ampla estação de passageiros, mas ironia do destino, o aeroporto teve vida curta; hoje, a pista lá continua, mas é utilizada para treinamento de motoristas.

E assim, prezados leitores, contamos mais uma história de um passado recente de nossa Itabuna; foram-se os cinema; foram-se as festividades do Torneio  Caixeral; foram-se as magníficas festas nos salões do Itabuna e do Grapiúna; foram-se as renhidas disputas no velho estádio da LIDA e foi-se, também, o nosso aeroporto, que fez história.

João Otavio Macedo