O diamante e seu processo de lapidação


“quais as coisas que você mais sente falta? Estar no meio das pessoas, numa boa de uma aglomeração”


                 

Sinceramente, meu amado leitor? Eu acredito que existem diversos meios e caminhos para a gente aprender, evoluir, amadurecer, integrar nossos aspectos e pedaços, para seguirmos por esta vida mais inteiros.

Mas, a cada dia que passa nesta minha jornada, eu tenho mais certeza que os nossos maiores mestres, impulsionadores, que apontam para a gente quais aspectos estão justamente precisando ser integrados, são as pessoas que cruzam o nosso caminho.

As relações que a gente estabelece com as pessoas são verdadeiras joias nesse processo. O outro é nosso grande espelho. Somos o espelho do outro também. É nesta troca que a gente bota uma lente de aumento nas características que nos agradam em nós mesmos. Nos identificamos com o outro, sentimos simpatia, vemos nele aquilo que temos e nos orgulhamos em ter. Mas é no outro, também, que a gente enxerga aquelas características que temos e escondemos de nós mesmos, aquelas que são difíceis de reconhecer em nós e, por isso, apontamos no outro por meio da crítica, do julgamento, do dedinho em riste.

Repare como os relacionamentos nos abrem portas, como o se relacionar com o outro nos possibilita identificar verdadeiros tesouros dentro da gente. Imagine como seria viver sem conviver com ninguém. Só você e você mesmo. Mais ninguém. Você jamais saberia quais comportamentos te incomodam, o que você realmente gosta, porque ninguém te apresentaria novas e diferentes opções. Olha que coisa mais sem graça! E você pode estar pensando, meu amado ser que me lê aí do outro lado, “ahhh, eu não seria tão estressado e nem passaria raiva!”. Ok, é justo. Mas, afinal de contas, o que é a raiva senão o instinto de preservação de algo? Até mesmo a raiva te traz possibilidades incríveis de entender que medo ou ferida são esses que você precisa tanto proteger, que você tem tanto receio de olhar nos olhos e que, por isso, instalou esse guarda-costas, esse fiel escudeiro chamado raiva.

E veja, sem se relacionar com o outro a gente também não teria tanta coisa boa para viver. Ia dividir e compartilhar com quem? Ainda estamos em distanciamento social, não é mesmo? E quais são as coisas que você mais sente falta? Estar no meio das pessoas, numa boa de uma aglomeração com quem você gosta, fazendo algo que você também gosta. De ver e abraçar quem você ama. Suponho que seja por aí…

Meu amadíssimo leitor, estamos aqui para nos relacionar. Fomos feitos para isso; o ser humano só vive em grupo, em bando, em tribo. É dessa forma que nos sentimos pertencentes. Estamos aqui para trocar, para dar, para receber, para amar, para construir junto. São as relações que nos amadurecem, nos ensinam, nos impulsionam, nos fazem crescer!

E é no processo de ir se relacionando, estando presente, vivendo, pagando os preços que vamos construindo as relações. Repare só que ciclo lindo! Vamos construindo à medida que vamos caminhando. Ninguém nasce com manual de como se relacionar. Ninguém é perfeito para se relacionar impecavelmente. Todos cometemos erros e é seguindo adiante que a gente acha o prumo. O erro é o calibre do acerto, desde que a gente continue em frente.

É justamente na troca que mora a riqueza, meu amado ser.

Nós somos diamantes a serem lapidados. E as relações são os nossos lapidadores. Se relacionar é se abrir para a vida. É movimento, é realidade, é dança, é dar, é receber, é se permitir.

É dar passos.

Um a cada dia.

 

– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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