O dilema de Geraldo Simões



Escrevi, há dias recuados, como diria o saudoso e polêmico jornalista Eduardo Anunciação, sobre o dilema do prefeito ACM Neto, se disputa ou não a sucessão estadual.

Agora é o ex-alcaide de Itabuna, Geraldo Simões, que vive o dia a dia da agonia, se quer ser secretário do governador Rui Costa ou candidato a deputado estadual.

Segundo o sempre bem informado blog Políticos do Sul da Bahia, do amigo João Matheus, Geraldo ficaria no lugar de Jaques Wagner, na secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Wagner, o criador político de Rui Costa, vai compor a chapa majoritária do petismo como postulante a uma vaga para o senado da República.

O que me chamou atenção, no entanto, foi a informação de que a indicação de Geraldo Simões teria partido do comando nacional do PT.

A impressão que ficou é de que, se dependesse da cúpula estadual do PT, obviamente com o aval do governador Rui Costa, Simões não assumiria o importante cargo ou outro qualquer.

E aí cabe uma pergunta bem pertinente: Por que a indicação do ex-prefeito veio de cima para baixo, não partiu daqui da planície, do solo baiano?

A favor de Geraldo, a conclusão de que o ex-gestor tem prestígio na alta cúpula do Partido dos Trabalhadores, o que faz acreditar que o ex-presidente Lula é mesmo seu compadre.

Geraldo Simões tem razão de sobra para ficar indeciso, com as pulgas atrás das orelhas. Os “companheiros” não são confiáveis.

PDT não é partido coadjuvante

Se o ex-presidente Lula ficar inelegível e o PT tomar a decisão de apoiar outro nome da legenda, o PDT terá que rever o relacionamento político com o petismo.

Se houvesse uma outra opção eleitoralmente competitiva, seria compreensível que o PT lançasse outra pré-candidatura. Mas não é caso.

Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que os planos do PT – o A com Fernando Haddad, o B com Jaques Wagner e o C com Celso Amorim – não têm densidade eleitoral.

O PDT é um aliado histórico do PT nas eleições para o Palácio do Planalto, quando não estão juntos no primeiro turno, no segundo ficam lado a lado.

Depois de Lula, Ciro Gomes, no campo centro-esquerda, é o único que tem possibilidades de enfrentar Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin (PSDB).

Mesmo com o início dos debates, não acredito que a queda de Bolsonaro nas pesquisas de intenções de votos seja suficiente para deixá-lo fora do páreo.

Os adversários do bolsonarismo acreditam que o despreparo de Bolsonaro, mais especificamente na área econômica, pode até deixar o candidato do PSL fora do segundo turno.

Se a disputa presidencial ficar entre um candidato da direita e um de centro-direita, a culpa vai ser exclusivamente do PT e de suas principais lideranças, incluindo aí o próprio Lula.

Ao PDT não restará outro caminho que não o de rompimento com o Partido dos Trabalhadores, reavaliando também as alianças para os governos dos Estados.

A mentira da renovação

Toda vez que se aproxima uma eleição, o discurso da renovação, de que é preciso oxigenar a política com gente nova, vem à tona, mas só de mentirinha.

O objetivo da hipocrisia é atrair os que são conhecidos como “buchas de canhão”. Ou seja, os candidatos só para ajudar a eleger as velhas raposas.

Por carregar nas costas as figuras que se acham donos dos partidos, tratando a legenda como se fosse um puxadinho da sua casa, são também chamados de “candidatos mulas”.

Toda essa empulhação será comprovada na distribuição do dindin dos fundos partidário e eleitoral, com a dinheirada sendo direcionada para reeleger os caciques partidários.

São bilhões de reais manipulados por um grupinho que só olha para o próprio umbigo, que se dane os “companheiros” e os “colegas” de partido.

Os senhores dirigentes, com algumas poucas e honrosas exceções, não prestam conta de um centavo gasto. Fazem o que querem com o dinheiro, dinheiro público, meu, seu, de dona Maria e do senhor João.

Como tática para despistar a esperteza, ficam dizendo que os “buchas de canhão” e os “candidatos mulas” têm grandes chances de se eleger, que serão as surpresas da eleição.

Aqui em Itabuna, por exemplo, temos algumas “mulas”. Somente dois os três nomes, no máximo quatro, têm possibilidades de sair vitorioso no processo eleitoral de 2018.

O PT – e assim será com as outras legendas – já decidiu que a prioridade é a campanha para o Palácio do Planalto e a reeleição dos deputados federais.

Portanto, só podemos concluir dizendo que o demagógico discurso da renovação política é mais uma tapeação, uma mentirinha, digamos, bem descaradinha. Uma balela.

Bolsonaro, Neto e o DEM

Pré-candidato à presidência da República por um partido tido como nanico, o PSL, com escassos recursos e pouco tempo no horário eleitoral, Jair Bolsonaro tem no DEM a resolução desses dois problemas.

O sonho de Bolsonaro é ter ACM Neto, prefeito de Salvador, como seu vice, melhorando assim sua penetração na região do Nordeste, tendo como porta de entrada o estado da Bahia.

Como o alcaide soteropolitano caminha para disputar o comando do Palácio de Ondina, Bolsonaro corre atrás de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.

Informações de bastidores dão conta de que Maia pode aceitar o convite de Bolsonaro, desde que o ex-presidente Lula não seja candidato em decorrência da Lei da Ficha Limpa.

Neto, com o aval e o incentivo de Maia, já teve duas conversas com Bolsonaro, o segundo colocado nas pesquisas eleitorais. O primeiro é Lula (PT).

Para muitos demistas, a opção Bolsonaro é mais interessante do que apoiar o governador tucano Geraldo Alckmin (PSDB), que não consegue passar de dois dígitos nas enquetes.

No entanto, o DEM tem duas preocupações com Jair Bolsonaro: 1) uma queda nas intenções de voto assim que começar os debates entre os presidenciáveis. 2) suas declarações preconceituosas, principalmente em relação a raça negra.

Entre Jair Bolsonaro e o Partido do Democratas nada certo. Uma sólida aproximação entre bolsonaristas e demistas não pode ser descartada.

O HC e os outros réus

O comentário abaixo foi escrito ontem pela manhã, quinta-feira (22), bem cedinho.

O julgamento do Habeas Corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal acontece hoje, às 14:00 hs.

A pauta é específica, visa evitar a prisão imediata de Lula até que todos os recursos sejam analisados pelos tribunais superiores, como o STJ e o próprio STF.

E a situação dos que já foram condenados em segunda instância e estão presos, como fica? Essa é a pergunta que mais se ouve nas ruas.

Favorável a execução da pena após condenação em segunda instância, estão os ministros que acham que a impunidade não pode triunfar em decorrência da lentidão da Justiça.

Contra o encarceramento, os defensores do princípio da presunção de inocência, ou seja, que só haverá culpa formada depois de esgotados todos os meios de defesa do “réu”.

É evidente que um posicionamento do STF contrário ao que já foi decidido em 2016, passa a ser de interesse dos réus já condenados e presos por decisão de segunda instância.

Com seus bons e caros advogados, os já julgados, condenados e presos, assentados no princípio de que ‘todos são iguais perante a Lei”, vão reivindicar o mesmo tratamento dado a Lula.

Outro ponto é a sucessão presidencial. Se uma decisão favorável ao PT pode ter influência na posição do TSE em relação à inelegibilidade do ex-presidente.

Hoje, sem dúvida, é o dia D para o Partido dos Trabalhadores. Se a instância máxima decidir pela improcedência do HC, as nuvens ficarão ainda mais cinzentas para o petismo.