O RECADO DO CORONEL


Articulista Marco Wense traça cenário da sucessão estadual na Bahia


O ex-presidente Fernando Collor de Melo era conhecido como “caçador de marajás”. O senador Angelo Coronel (PSD), que não tem papas na língua, é o “criador de polêmicas”.

O parlamentar não costuma filtrar o que fala. Sua opinião sobre um determinado fato político não é cercada de cuidados. Fala o que tem vontade de dizer. As consequências políticas que se danem. Os incomodados que fiquem zangadinhos.

Sobre a notícia de que o colega petista Jaques Wagner pode ter o governador Rui Costa disputando o Senado, em uma composição que ficaria só a vice para negociar com a base aliada, o polêmico Coronel lembrou que a possibilidade do PSD se unir ao PP e lançar uma chapa não pode ser descartada.

Angelo fez questão de lembrar, no seu peculiar estilo, como estivesse fazendo uma advertência, que o PSD e PP comandam mais de 50% das prefeituras baianas.

“Se os aliados forem desprezados, podem se abraçar. É uma hipótese forte. Se os aliados são desprezados, eles se unem. Podemos ter, então, uma chapa de Neto de direita, uma de esquerda com Wagner e a nossa de centro”, disse o Coronel com sua autenticidade e sem fazer arrodeios.

O recado do Coronel foi dado. E de maneira bastante clara. Não buscou as entrelinhas para dizer o que pensa. Deixou bem transparente que Otto Alencar não abre mão de sua reeleição para o Senado da República, que não vai ser engabelado pelo lulopetismo.

O sonho do lulopetismo é ter Otto como vice de Wagner, Rui Costa cumprindo seu mandato até o último dia de governo e João Leão indicando o nome do partido para o Senado, que poderia ser o filho deputado Cacá Leão, hoje mais próximo do ex-prefeito ACM Neto, presidente nacional do DEM e pré-candidato ao governo da Bahia no pleito de 2022.

Vários recados virão. E a medida que se aproxima à sucessão estadual, eles vão ficando mais incisivos, duros e rebeldes. O Coronel não é Lídice da Mata, que aceita o PSB como coadjuvante nas articulações do PT, que tem como favas contadas o apoio da sigla socialista. O PSB sequer é citado nas conversas em torno da sucessão de Rui Costa.

O lulopetismo tem pela frente um “osso” duro de roer, como costuma dizer a sabedoria popular. O “osso” do Coronel pode deixar os petistas desdentados.