O VICE DE ACM NETO


Segundo o articulista Marco Wense, ACM Neto também tem seus imbróglios


Nunca houve na história da República brasileira uma antecipação do processo eleitoral como está acontecendo hoje. A campanha de 2022, principalmente para presidente da República e governador, começou logo depois dos resultados de 2018.

Assim como o lulopetismo baiano vem tendo problemas na composição da majoritária para a disputa da sucessão estadual, obviamente com o senador Jaques Wagner encabeçando a chapa, o lado de lá, de ACM Neto, também tem seus imbróglios.

O pega-pega na base aliada do governador Rui Costa é mais preocupante, já que tem a rebeldia do vice-governador João Leão, dirigente-mor do PP da Boa Terra, que demonstra publicamente seu desejo de disputar o comando do cobiçado Palácio de Ondina. Leão, em toda entrevista sobre a eleição de 2022, diz que o petismo não pode ser o dono do processo eleitoral, que as cartas do jogo não podem ser só vermelhas.

No netismo, não há outro pré-candidato. Não existe um João Leão. Ninguém “rugindo” forte e com as unhas e os dentes afiados. Só tem o ex-prefeito de Salvador, que é o presidente nacional do Partido do Democratas (DEM).

Quem seria o vice de ACM Neto? Três pretendentes disputam a concorrida vaga. Os dois que ficarem de fora vão para a uma espécie de respescagem, que tem como prêmio de consolação a única vaga para o Senado da República.

O trio é composto por Félix Júnior, bispo Márcio Marinho e João Gualberto. Os dois primeiros deputados federais e, respectivamente, presidentes estaduais do PDT e do Republicanos. Gualberto é do PSDB e conta com o apoio da cúpula do tucanato baiano para ser o vice de Neto.

Cada um vem procurando se aproximar de ACM Neto do seu jeito ou usando a legenda para esse fim. O favoritismo do ex-gestor soteropolitano apontado nas pesquisas de intenções de voto vai intensificar o “duelo” entre os postulantes.

Félix vem fazendo críticas em relação ao governo Rui Costa (PT), mais especificamente no que diz respeito ao grave problema da insegurança pública e os péssimos índices na educação, sem dúvida dois pontos fracos do governo petista que serão abordados no horário eleitoral pelos adversários.

O bispo Marinho, da Igreja Universal do Reino de Deus, já mandou avisar ao ministro da Cidadania, João Roma, que se quiser sair candidato à sucessão estadual que procure outro abrigo partidário, que o Republicanos já assumiu um compromisso com ACM Neto. E ainda desautorizou o bolsonarista a falar em nome da sigla quando o assunto for o pleito de 2022.

O PSDB, por sua vez, através da sua executiva estadual, decidiu apoiar Eduardo Leite, mandatário-mor do Rio Grande do Sul, nas prévias para a definição de quem será o candidato da sigla na sucessão de Bolsonaro. João Doria, governador de São Paulo, inimigo político de ACM Neto, foi literalmente descartado.

No tocante ao PDT, o melhor conselho é que a legenda comece a pensar em uma candidatura própria, sob pena de não ficar de calça curta e não ter tempo para construir uma saída em decorrência da indefinição de ACM Neto quanto a apoiar Ciro Gomes no pleito presidencial de 2022.

ACM Neto vem fugindo do assunto sucessão do Palácio do Planalto como o diabo da cruz. Quer ficar simpático a petistas, pedetistas e bolsonaristas. Aprendi que na política, quando se serve a dois senhores, o tiro termina saindo pela culatra.

Pelo sim, pelo não, volto a repetir, o PDT tem que ficar com um olho no padre outro na missa, como diz a sabedoria popular.