O voo do pensamento e a modernidade…



????????????????????????????????????

 

Por Claudio Zumaeta

 


Antonio Pereira Sousa (1941), professor aposentado da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), especialista em História e Filosofia pela PUC-MG e mestre em História Social pela PUC-SP, acaba de lançar um livro extraordinário! E, diferentemente, do que cantou Caetano Veloso em sua canção intitulada “Livros”: “…podemos simplesmente escrever um: encher de vãs palavras muitas páginas e de mais confusão as prateleiras”, o livro “O Voo do Pensamento: temas da vida humana em ação” (Ed. Paco Editorial, 2016) instiga-nos a refletir sobre necessárias palavras e assuntos diversos, como por exemplo, a vida, o envelhecimento, a morte, a arte, a história do pensamento, a história do Brasil, a modernidade e etc., aprofundando todos esses e outros temas de maneira inteligente, precisa, concisa, e prazerosa.

Não é um livro para se ler uma única vez. Não porque seja um livro “difícil” de se ler, de maneira nenhuma! Muito pelo contrário. É um livro que devemos reler sempre porque quando chegamos ao final, logo desejamos recomeçá-lo para poder desfrutar com maior atenção e deslumbramento, o aprendizado saboroso de sua leitura. Tenho lido “O Voo do Pensamento…” muitas vezes. Primeiro porque, além dos ensinamentos inteligentes, sensíveis, poéticos e esclarecedores, sinto a necessidade relê-lo para apreender mais sobre seus princípios e desfrutar também ainda mais da prazerosa companhia de suas reflexões. Segundo porque essas reflexões estão sempre aliadas a um texto fluido, que, embora profundo, nunca é esnobe ou pretensioso, pois está sempre disponível para quem se disponha ganhar tempo e enriquecer sua aprendizagem.

Quando professor Pereira, em “O Voo do Pensamento…”, nos leva a refletir sobre a modernidade, por exemplo, ele nos ensina algo assim: … “a vida pede esforço para sua realização. Nesse esforço, inventamos modos diferentes der agir e reagir, de observar e empreender. Construímos certezas e nos beneficiamos de suas virtudes até que a vida aponte outras saídas e aí aquelas certezas que pareciam sólidas vão se dissolvendo, cedendo espaço para outros fundamentos” (“A construção da modernidade” p. 209).

E segue o autor nos esclarecendo, aqui e agora, em “A Modernidade I” (p. 215)”: “O mundo social em que vivemos agora não é o mesmo mundo de séculos atrás, nem mesmo o mundo de décadas atrás. Há aspectos sociais revestindo as ações dos homens enquanto convivem, marcando diferenças, acentuando contraposições e criando juízos de valores distinto, fundados nas experiências objetivas resultantes de mil e uma contingências.” (…) “A modernidade surge daí, da consciência de uma racionalidade que deseja emancipar os indivíduos, tornando-os livres para decidir, buscar seus objetivos a partir dos interesses construídos em seu próprio espaço de convivência.” (A modernidade II (p.220)

Professor Pereira, segue, pouco a pouco, portanto, nessa parte IV de seu livro, intitulada “Novo Palco da Razão Grega” aproximando os(as) leitores(as) desse conceito de “modernidade”. E vai acrescentando ideias e debatendo conceitos e reelaborando pensamentos que, como um quebra-cabeças, revela-se por partes, trazendo consigo um prazer entusiasmado de poder estar, digamos, no “comando” dessa descobertas. E assim lemos: “mudou a forma como o mundo funciona. É preciso aprender nesse novo mundo por nossa própria conta. Saber viver, aprender a viver, contar com nossas decisões e habilidades para colocar os bens do mundo à disposição de nossos interesses. Agora as regras não estão dadas, temos que criá-las, tomando como fundamento a independência, autonomia e liberdade, princípios estes postos como ideais de um tempo novo cujo rumo atende evidências empíricas, como já dissera o filósofo francês Auguste Comte (1798-1857): “Os dados só falam quando alguma teoria os faz falar.”(“A Modernidade (III)” p. 223).

E vamos lendo e descobrindo novos “voos” em “A Modernidade e a Individualização” (p. 229): “Vale aqui, lembrar-se das ponderações do filósofo alemão Walter Benjamim (1892-1940): …“A história é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de “agoras”. E segue, ato contínuo, professor Pereira: “.. a ação deve ser sempre um ato pensado previamente, a não ser que se queira caminhar sem rumo…”. E logo depois em “Os Horizontes da Modernidade”(p.233), lemos: “Mundo renovado nos ideias, horizontes multiplicados. Agora a teologia católica (estudos voltados para as resoluções divinas) foi substituída pela teleologia laica (preocupações voltadas para o futuro na Terra)… Haverá um dia em que veremos as virtudes teológicas e as teleológicas reencontrarem-se para salvação de todos os homens?”

Para terminar de “montar esse quebra-cabeça” ficam restando “A Modernidade e a Mudança” e “A Pós-Modernidade”… Mas, o bom “quebra-cabeça” só é bom de fato se o desafiamos e o vencemos! Trouxe-lhes até aqui, portanto, apenas umas “peças” desse quebra-cabeça retiradas entre muitas outras. Agora é a sua vez: leia “O Voo do Pensamento: temas da vida humana em ação” e (re)descubra os significados das palavras e dos pensamentos que devem e precisam voar sempre na direção da liberdade, e que entre outros sentidos também significa conhecimento.

Cláudio Zumaeta – Historiador graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC, Ilhéus –BA) Administrador de Empresas graduado pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL, Salvador – BA). Especialista em História do Brasil (UESC, Ilhéus – BA). Membro da Academia Grapiúna de Letras (AGRAL).