OS CASOS QUEIROZ E DIRCEU


Marco Wense faz uma comparação entre Queiroz (Bolsonaro) e José Dirceu (Lula)


Assim que a notícia da prisão de Fabrício Queiroz se tornou pública, o nome do petista José Dirceu, que passou um bom tempo sendo o conselheiro-mor do ex-presidente Lula, foi logo lembrado pelo bolsonarismo.

Preocupados com a possibilidade de uma delação premiada do ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador da República, filho mais velho do presidente Jair Messias Bolsonaro, chamado pelo pai de 01, os bolsonaristas torcem para um Fabrício Queiroz ao modo José Dirceu.

José Dirceu não abriu o bico, sequer fez ameaças e insinuações. É considerado como um herói no lulopetismo, o “guerreiro do povo brasileiro”. Estaria Queiroz disposto a ficar calado, ser divinizado, endeusado pelo bolsonarismo? No quesito quem sabe mais, quem tem mais coisa pra contar, a opinião é de que há um empate entre o petista e o bolsonarista.

Uma eventual delação de Queiroz, sendo esse o caminho mais curto para salvar a pele da filha e da mulher, transformaria o governo de plantão, cuja situação já é instável, em um caos. Os pedidos de impeachment ficariam mais oxigenados. Bom para o tal do Centrão, que em troca de votar contra o afastamento do presidente Bolsonaro, exigiria mais atenção ao toma lá, dá cá. E nada de carguinho, só primeiro escalão. O ministério da Educação é o próximo alvo. Do contrário, “Fora Bolsonaro”.

O problema é que o caso Queiroz difere do caso Dirceu no tocante ao aspecto familiar, que é um ponto mais complicado. O petista, que foi o articulador do mensalão, nunca colocou seus familiares para intimidar, fazer chantagem ou coisa similar.

Queiroz, desde a época que surgiu a denúncia do escândalo das rachadinhas, deu seu recado à família Bolsonaro: “Não podem prender minha mulher nem minha filha”. Nas entrelinhas, é que vai contar tudo se alguém for preso, jogar merda no ventilador, como diz a sabedoria popular.

A inquietação do bolsonarismo se torna mais intensa em decorrência da autorização da prisão de Márcia Oliveira de Aguiar, companheira de Queiroz, ex-funcionária do gabinete de Flávio Bolsonaro. Márcia já é considerada foragida.

Como irá se comportar Queiroz diante da prisão da mulher? Vai continuar calado? Essas duas indagações começam a deixar os bolsonaristas aflitos. Temem que Queiroz não seja um José Dirceu, que até hoje jura por todos os santos e orixás que ninguém se corrompeu nos governos de Lula e Dilma. Bota as duas mãos no fogo pelos companheiros.

Tudo ainda está no começo. Novas revelações e surpresas costumam vir em doses homeopáticas, em conta-gotas. É cada dia com sua agonia e salve-se quem puder.