Há duas semanas, como também já fizemos em outras vezes, abordamos a atenção à saúde em nosso país, mostrando dados de entidades respeitáveis e, até mesmo, do próprio governo, em que aparecem cenas chocantes vistas em hospitais e postos de saúde, espalhados pela imensidão deste nosso fabuloso país. Sempre temos enfatizado, fazendo coro às instituições que tratam da questão, que o primeiro problema é o subfinanciamento da saúde e, secundariamente, má gestão, corrupção e a falta de seriedade, numa área tão sensível e importante, sem dúvida a mais séria de todas, pois trata da saúde das pessoas, o maior bem que um ser vivo pode ter. Infelizmente, para a maioria das pessoas, a saúde é como a liberdade, só se dando o devido valor quando se perde.
A televisão – sempre ela – mostrou, dias atrás,cenas de um hospital em Taguatinga, com os corredores apinhados de pacientes, deitados em macas e em papelão, pelo chão, e a crônica falta de médicos, pessoal de enfermagem, medicamentos e água quente. Taguatinga não fica perdida nos rincões mais distantes do país mas é uma cidade-satélite de Brasília, junto, portanto, às engrenagens do poder.Se isso ocorre ali juntinho aos poderes centrais da república, o que não estará acontecendo nos lugares mais distantes? No Piauí, há pacientes esperando há mais de 6 meses para se submeter a um exame de ultrassonografia; é provável que, em alguns casos, quando o exame for realizado, já não terá mais importância, a depender da doença e do seu estágio.
Na conflagrada e bela cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, duas importantes universidades, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, estão em estado de penúria, com equipamentos quebrados, professores e funcionários sofrendo atrasos sucessivos, cortes que vêm ocorrendo desde 2013 e responsáveis pela queda de 44 % das verbas destinadas à pesquisa. Muitos cérebros estão indo para outros países. Isso também vem ocorrendo em outras importantes universidades e fica a explicação de não avançarmos nas pesquisas. Não falta pessoal; falta dinheiro e, acima de tudo, vontade política e seriedade no trato da coisa pública.
Nesse noticiário de calamidades, também outra foi citada, não por falta de dinheiro mas por falta de vergonha na cara, com a corrupção deixando, por alguns momentos, o mundo político e chegando até o ato médico, que deveria ser o mais sublime de todos, pois está diretamente ligado à recuperação da saúde perdida de um ser humano ou, quando isso não for possível, manter a vida dentro do que a ciência pode oferecer, com o menor sofrimento. Pois bem, uma empresa norte-americana confessou que pagou a médicos brasileiros, que atuam no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, para que empregassem material de prótese, com preço superfaturado, em neurocirurgia, cirurgia cardíaca e cirurgia ortopédica. E o que é muito pior, em cirurgias desnecessárias. É o que a imprensa leiga está chamando de “Máfia das Próteses”.Profissionais que assim agem, estão jogando na lata do lixo, o juramento de Hipócrates que fizeram, quando da conclusão do curso de medicina.
Realmente prezado (a) leitor (a), estamos vivendo momentos difíceis.Acreditar em quem? Esperar o que? Mas, vamos” tocando em frente”, parodiando a bela canção de Renato Teixeira e Almir Sater, esperando que, tal como na história da Fênix, ocorra um radioso renascimento das próprias cinzas.
João Otavio Macedo.