André Curvello, secretário de Comunicação do Estado da Bahia
Na atual realidade de desigualdades raciais e de gênero, a voz potente de Conceição Evaristo é um grito de resistência e um convite à reflexão crítica. Escritora, imortal da Academia Mineira de Letras e referência fundamental para a literatura brasileira, ela transcende os limites da escrita e aponta o caminho para uma comunicação mais justa, diversa e representativa.
Sua passagem por Salvador, onde participou do encontro “Elas à Frente na Comunicação: Promoção e Difusão de Direitos”, promovido pelo Governo do Estado por intermédio da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), é um marco no avanço da comunicação inclusiva. Evaristo inspirou e motivou as participantes, mostrando que é possível desafiar o status quo e construir uma nova realidade onde as mulheres tenham voz e poder de decisão.
É importante ressaltar que durante o evento foi anunciado o lançamento de um edital destinado a profissionais como jornalistas, publicitárias, relações públicas, assessoras de comunicação, radialistas, fotógrafas, artistas visuais e influenciadoras digitais. O objetivo é apoiar projetos em quatro áreas principais: direitos, diversidade, promoção e cultura. Essa iniciativa visa fomentar a produção de podcasts, documentários, eventos culturais e outros produtos de comunicação, com um investimento estatal de R$ 1,5 milhão.
A presença de Evaristo foi mais que oportuna. Afinal, em suas obras ela tece narrativas que subvertem a hegemonia do discurso branco e masculino, dando voz às experiências e vivências de mulheres negras marginalizadas pela sociedade. Sua escrita, que ela denomina “escrevivência”, é uma ferramenta poderosa para desconstruir estereótipos e questionar as estruturas de poder que perpetuam a opressão. Em suas palavras, “é uma escrita que perturba o sono da Casa-Grande”.
A luta de Conceição Evaristo por uma comunicação inclusiva é um chamado à ação. É preciso romper com os padrões que dominam a comunicação tradicional e abrir espaço para que outras vozes sejam ouvidas e valorizadas.
Nos dias de hoje, em que se torna imperativo recobrar o fôlego da democracia e sufocar a intolerância e o ódio, as perspectivas oferecidas por pensadores como Conceição Evaristo nos enchem de esperança e otimismo.
Que as mulheres estejam cada vez mais presentes nos espaços de decisão e liderança, públicos e privados. Todos ganharemos com isso.
Por André Curvelo