PREOCUPAÇÃO É COM O CENTRÃO : A TÁBUA DE SALVAÇÃO DO GOVERNO


"Quem diria, hein! Bolsonaro na dependência do Centrão para espantar o fantasma do impeachment".


É incrível como o presidente Jair Messias Bolsonaro protagoniza uma crise atrás da outra. Qual será a próxima? Essa é a pergunta que mais se ouve nos gabinetes dos senhores parlamentares e nos corredores do Congresso Nacional.

Também é incrível como o chefe do Palácio do Planalto e maior autoridade do Poder Executivo, ao tentar apagar a fogueira dos conflitos, termina jogando gasolina, provocando o aumento das labaredas.

Todo problema agora, diante da possibilidade de um pedido de impeachment cada vez mais comentado e não mais descartado, se resume ao Centrão, como satisfazer o ímpeto do toma-lá-dá-cá, o insaciável desejo por cargos no primeiro escalão do governo.

Troca de ministros, divulgação de vídeos, investigações sobre interferência política na Polícia Federal, combate ao coronavírus, desarmonia entre os Poderes da República e um plano de como enfrentar o pós-pandemia são pontos secundários.

O bolsonarismo sabe que a missão mais importante é agradar o Centrão, que fica mais fortalecido e desejado na medida que o governo de plantão se enfraquece. A presa se torna fácil. O quero-quero fica mais intenso.

O governo nem tchan para a saída de Nelson Teich do ministério da Saúde. Nem deu bolas para os elogios do médico oncologista aos governadores e prefeitos favoráveis ao isolamento social como o melhor “remédio” para evitar a propagação do cruel e devastador coronavírus.

E a repercussão negativa do pedido de demissão de Teich lá fora, “nos estrangeiros”, “lá no outro lado do planeta”, como diz o povão de Deus? Que nada! Nada de preocupação.

A aflição do bolsonarismo ficou por conta da reação do Centrão, que fez contundentes críticas após a saída de Teich. Nos bastidores do staff do toma lá, dá cá, o que se comenta é que o grupo começa a dar os primeiros passos no sentido de reavaliar o apoio ao governo.

O Centrão não anda nada satisfeito com a demora na entrega dos cargos. A Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), que tem um orçamento milionário destinado ao custeio de leitos em Estados e municípios, foi prometida ao ex-deputado Valdemar Costa Neto, o manda-chuva do PL e o principal articulador do escândalo do mensalão petista. Outro detalhe é que figuras de destaque do movimento começam a enxergar uma acentuada queda na popularidade de Bolsonaro. Tem até os que defendem a realização de uma pesquisa para depois tomar uma decisão sobre a aliança com o governo.

Quem diria, hein! Bolsonaro na dependência do Centrão para espantar o fantasma do impeachment. Coisas do movediço e traiçoeiro mundo da política, onde o menos esperto consegue dar beliscão em azulejo.

PS (1) – A ciência política diz que fulano de tal cometeu estelionato eleitoral quando promete uma coisa na campanha e, ao ser eleito, faz outra. O enterro da “velha política”, que foi um dos discursos que mais rendeu votos para o então candidato Bolsonaro, não passou de uma tapeação. A prova inconteste é a aliança do presidente com o chamado Centrão, que no passado também chamegou com os petistas Lula e Dilma Rousseff e com o emedebista Michel Temer.

PS (2) – Um oficial de Justiça, sob a ordem de Celso de Mello, ministro do STF, vai informar ao presidente Bolsonaro da existência de uma ação de um grupo de advogados que pede a Alta Corte que o demista Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, analise o pedido de afastamento de Bolsonaro da Presidência da República. Era tudo que o Centrão queria para ficar mais valorizado. É bom lembrar que Paulo Guedes já mandou avisar que não vai aceitar politicagem no ministério da Economia. Assim como Mandetta e Teich tiveram seus motivos para pedir demissão, Guedes pode ter o Centrão como argumento para deixar o barco palaciano. A saída de Guedes, além de oxigenar o impeachment, seria a última pá de cal e a marcação da missa de sétimo dia do governo e do bolsonarismo.