REVITALIZAR O CEMEPI


“... foi praticamente desativado, apesar de continuar com instalações praticamente intactas”, diz João Otavio Macedo


Em tempos de pandemia, como já estamos há mais de um ano, os serviços de saúde são mais acionados e é quando se percebe a maior ou menor capacidade das comunidades para o enfrentamento de situações inusitadas, difíceis e que dizem respeito à saúde e à vida das pessoas. As queixas ocorrem a todo momento e não poderiam ser diferentes e, no caso presente, foram poucos os países que se prepararam, devidamente, diante de um vírus desconhecido e que tem transtornado a comunidade científica internacional.

Embora a doença em pauta tenha, até certo ponto, poupado as crianças, atingindo mais os adultos, não se deve, no entanto, deixar de dar o máximo de atenção ao atendimento da saúde da população infantil, alvo de várias doenças próprias da faixa etária; é o segmento da população mais vulnerável às conhecidas “doenças próprias da infância”, doenças causadas por bactérias e vírus mas que têm, felizmente, o recurso da vacinação para evitá-las.

Por muitos anos tivemos, aqui na nossa Itabuna, apenas o Hospital Manoel Novaes, com a sua ala de pediatria, para cuidar dos pequeninos; a partir de 1968, foi inaugurado o Instituto de Pediatria e Puericultura de Itabuna (IPEPI), unicamente voltado para a pediatria, funcionando, inicialmente, no segundo piso de um prédio na Avenida do Cinquentenário; posteriormente, mudou-se para a praça da Bandeira, com acomodações mais amplas, porém insuficientes para uma ampliação dos serviços, o que foi conseguido com a aquisição do prédio na Avenida das Nações Unidas, onde até hoje se encontra. A partir de 2002, a razão social passou a se chamar Centro Médico Pediátrico de Itabuna (CEMEPI), oferecendo, além das consultas, internação e outros serviços necessários a um bom atendimento.

Com a instalação do SUS, muito bonito no papel e ótimo para a população, passamos a ver uma derrocada de vários hospitais e serviços médicos, pois os valores recebidos pelos prestadores foram cada vez mais insuficientes para enfrentar o crescente aumento dos insumos, dos impostos, dos salários, enfim, de tudo que diga respeito à manutenção de uma instituição complexa e difícil, como é um hospital.

Nada contra o SUS, pois a nossa constituição diz que “a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”, tendo universalizado o atendimento médico-hospitalar, contudo, não se cuidou, devidamente, de atentar para a “saúde financeira” desses nosocômios; valores defasados, sem complementação e, em alguns casos, com um grande atraso, bem como o aumento constante nos diversos itens da manutenção do hospital, e eis um terreno fértil para minar os alicerces dessas instituições.

O CEMEPI não seria exceção e, a partir de setembro de 2018, foi praticamente desativado, apesar de continuar com as suas instalações praticamente intactas. Infelizmente, não houve a devida compreensão e o necessário apoio das várias administrações municipais, apesar dos ingentes esforços de tantos quantos ali batalham pela saúde das crianças. Conheço bem a trajetória do CEMEPI, dede os tempos do IPEPI, pois sempre acompanhei a lida de minha saudosa e sempre lembrada esposa Dra. Zina Macedo que, desde fevereiro de 1970, emprestou o seu conhecimento, a sua dedicação e o seu carinho, no tratamento das crianças. Sempre comentávamos, em casa, que era incompreensível a situação do CEMEPI diante das necessidades do atendimento à infância, na cidade.

O prefeito Augusto Castro está no firme propósito de resolver as questões que envolvem a reabertura do CEMEPI, atentando para as questões contratuais que evitem o que ocorreu no passado. Quando faltam leitos para a pediatria e vê-se um hospital pronto e fechado, é que algo está errado. O SUS é irreversível e a população dele precisa; apenas não se deseja que as entidades conveniadas sejam afogadas por uma baixa remuneração de serviços essenciais tão necessários à população.