Ricardo Xavier sobre candidaturas a prefeito na Câmara: “estou à vontade para escolher”


“Muita gente só pensa que o vereador não faz nada, quando na verdade há uma distorção do papel do vereador”


Ricardo Xavier (Foto: Gabriel de Oliveira)

 Voz serena, olhar perspicaz e uma nítida satisfação por estar na cadeira de presidente da Câmara de Itabuna. Assim encontramos o vereador Ricardo Xavier no gabinete, pouco antes da segunda edição do projeto “Queremos saber”. Na rápida conversa, a postura de alguém que coloca as peças num tabuleiro de xadrez.

No início, um tanto protocolar. Depois, quando perguntamos sobre sucessão municipal, ele contou de que forma encara o movimento de outros edis em busca do comando na Prefeitura. Adepto confesso da política como arte da negociação – “Diferentemente de negociatas!”, ele ressalva –, Xavier (partido Cidadania23) demonstra estar bastante confortável diante desse “tabuleiro” – para, inclusive, escolher dentro ou fora dele. A propósito, com quem fica o xeque-mate?

 

Uma curiosidade de sempre é como se dará a relação do Legislativo com o Executivo. Então, como será sua relação com Fernando Gomes?

Prefeito e presidente da Câmara nós teremos uma relação totalmente institucional, como deve ser. Dentro da harmonia, porém, independência dos poderes. Isso eu disse no dia da minha posse. Pessoalmente, como eu disse, cada vereador, partidariamente, pode ser da base, da oposição, ter uma posição de independência. Agora, a nível de instituição, nós seguiremos o que reger a lei orgânica, o regimento interno. É o que conduz esse novo momento.

Nós temos vereadores que se colocam como pré-candidatos a prefeito. Qual será o limite da Câmara para eles fazerem campanha aqui dentro?

Institucionalmente, isso não é possível. Quando o vereador faz um trabalho determinado, apresenta projetos que a população aprova, ele se destaca. O vereador tem o direito de se expressar da forma que ele quiser. Então, o mandato pode, sim, projetar que ele seja candidato, a depender do trabalho que seja feito. Agora, a Câmara como instituição não pode apoiar ninguém. Como presidente, independente de candidaturas, tenho buscado dar condições para que todos os vereadores possam desenvolver e divulgar bem o seu trabalho. Esse é um dos nossos desafios e uma das nossas metas. Porque há um distanciamento. Muita gente só pensa que o vereador não faz nada, muitas críticas, quando na verdade há uma distorção do papel do vereador. Tem muitas coisas que é atribuição exclusiva do Poder Executivo e isso confunde um pouco o papel do vereador.

Houve uma declaração do senhor de que o próximo prefeito sairá da Câmara. Por que acredita nisso?

Eu dei essa entrevista dizendo que tinha a intuição, o sentimento de que o prefeito de Itabuna pode sair aqui da Câmara. Não há nada de anormal; muito pelo contrário, acho que a gente tem que valorizar os vereadores. Cada um com sua característica, sua ideologia. E a discussão da política estava muito polarizada em torno de dois nomes ou três. Então, uma pimentinha na sucessão municipal acho que é importante. Nossa intenção, certamente, foi valorizar os vereadores. Acho que fiz bem esse papel.

A partir dessa intuição, Ricardo Xavier vai marchar com algum vereador, caso seja candidato a prefeito?

A política é a arte da negociação. Não tenho nenhum problema em dizer que a democracia se sustenta na negociação. Diferentemente de negociatas! Porque a democracia se sustenta no confronto das ideias, no convencimento. De você ser convencido ou convencer. Nessa questão da eleição municipal, precisa conversar muito. Os pré-candidatos precisam colocar seus projetos, seus planos, pra que dentro dessas premissas a gente possa definir nosso apoio. Eu não sou candidato a prefeito; sou candidato à reeleição de vereador. Então, estou muito à vontade pra poder escolher.