ROGANDO AOS SANTOS



“Meu São Pedro me ajudeJoão Otávio Macedo

Mande chuva, chuva boa

Chuvisqueiro, chuvisquinho

Nem que seja uma garoa”

Estamos na semana da maior festa do nordeste brasileiro, os festejos juninos. Essas festividades são mais uma contribuição dos portugueses, que para aqui trouxeram muitas coisas boas, inclusive a religiosidade que ficou arraigada nos costumes e na cultura do povo nordestino; festeja-se o São João desde as grandes e médias cidades até os mais longínquos grotões espalhados pelo território dos nove estados do nosso cantado e sofrido nordeste brasileiro. Em outras partes do imenso território pátrio, também são festejados os santos Antonio, João e Pedro, essa trindade junina contudo, sem a grandeza, sem o fervor encontrado neste pedaço do Brasil onde moramos.

Em algumas cidades, a exemplo de Caruaru, em Pernambuco e Campina Grande, na Paraíba, os festejos juninos tomam todo o mês de junho e já estão inseridos no calendário turístico, movimentando muito dinheiro, dando emprego a muita gente e tornando mais conhecidas as cidades do nordeste; de festas eminentemente religiosas, no passado, hoje são mais profanas e atraindo pessoas que apenas querem se divertir, participando das guloseimas próprias da época, das bebidas, das paqueras enfim, dos vários divertimentos que encantam a todos que buscam fugir das agruras da  vida diária.

É também um bom momento para os autores e intérpretes mostrarem o seu  trabalho, com os ritmos próprios para a ocasião, como o xote, o baião, o forró, o coco, que brilham nas vozes de Genival Lacerda, Trio Nordestino, Flavio José, Alceu Valença Elba Ramalho e dos falecidos mas sempre lembrados Luiz  Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos.

Os versos acima, saídos da verve de Hervê Cordovil e Luiz Gonzaga, incluídos no “Baião da Garoa”, caem muito bem, para nós, nos dias atuais, quando estamos passando por uma seca como há muito não se via e, no último sábado, realizou-se uma procissão, rogando aos ceus pela benfazeja chuva; fato semelhante, com procissão nas ruas e rezas, ví em1951, quando também sofremos uma pesada estiagem mas, como naquela época a cidade era bem menor, o impacto também, foi menor. Rogamos a São Pedro que “mande chuva, chuva boa” para dar mais alegria aos festejos de São João e do próprio São Pedro, pois sem água, é impossível a vida.

Se essa seca continuar, vamos ter dificuldade em água até para beber, pois para os demais gastos, já estamos em falta; a situação é preocupante e ficamos a pensar na advertência de alguns futurólogos que, anos atrás, preconizavam que uma possível terceira guerra mundial, será por causa da água.

Tomara que esses catastrofistas estejam errados e vamos acreditar mais na força dos nossos santos; que São João e São Pedro mandem as esperadas chuvas, para espantar o flagelo da seca e dar mais alegria às festividades com que os homenageamos.