RUI, NETO E A SUCESSÃO DE ITABUNA


Segundo Wense, ainda é cedo para um posicionamento mais firme de Rui e Neto


 

EDITORIAL DO WENSE (489), QUARTA, 26-2-2020, 11:30 HS.

RUI, NETO E A SUCESSÃO DE ITABUNA

Se existisse um aparelho para medir o interesse na sucessão de Itabuna, que poderia ser chamado de “Interessômetro”, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), superaria o governador Rui Costa (PT). O alcaide vai disputar o governo da Bahia em 2022. A legislação eleitoral impede que o chefe do Palácio de Ondina concorra ao terceiro mandato consecutivo, à re-reeleição.

Ainda é cedo para um posicionamento mais firme e transparente de Rui e Neto em relação ao pleito de Itabuna. Ambos esperam que a poeira do processo sucessório se assente naturalmente, evitando assim uma tomada de decisão nem sempre amistosa, o que termina desagradando o grupo político preterido.

Se a eleição fosse em dois turnos, as duas maiores lideranças da Bahia ficariam longe das articulações, salvo se houvesse a possibilidade de um adversário liquidar a fatura logo no primeiro round, o que dificilmente aconteceria em Itabuna.

Dos prefeituráveis que despontam entre os cinco primeiros colocados nas pesquisas de intenções de voto, o médico Antônio Mangabeira (PDT) e o capitão Azevedo (PL) são os nomes da preferência de ACM Neto. O ex-tucano Augusto Castro, hoje no PSD, Fernando Gomes (sem partido) e Geraldo Simões (PT) são as opções de Rui Costa, que já emite fortes sinais que quer a permanência do atual gestor no cargo em detrimento do apoio ao “companheiro” de legenda.

O alcaide soteropolitano e o governador só esperam o momento certo para entrar em campo. A missão é complicada. Neto querendo um entendimento de Mangabeira com Azevedo. Rui Costa uma aproximação de Simões e Castro com Fernando Gomes.

O caminho do chefe do Poder Executivo estadual é mais complicado, tem mais obstáculos, já que a questão não é meramente política, descamba para o lado pessoal. Geraldo e Augusto andaram trocando farpas com o neoaliado do governador. O relacionamento político entre Mangabeira e Azevedo é civilizado, não há nenhuma rusga pessoal, o respeito é recíproco.

Azevistas, pelo menos os mais lúcidos e politizados, sabem que a candidatura de Fernando Gomes elimina qualquer chance do militar ganhar a eleição. Não há espaço suficiente para os dois, já que dividem o mesmo reduto eleitoral. A possibilidade de uma polarização entre Azevedo e Fernando é zero.

Se a campanha de Fernando crescer, obviamente se conseguir a elegibilidade, com uma queda substancial no alto índice de rejeição, o alcaide se torna um adversário competitivo. O prefeiturável do PDT, Antônio Mangabeira, passa a ser o único que pode derrotá-lo, evitando o sexto mandato e a quebra do tabu da reeleição.

Mangabeira é quem encarna a verdadeira oposição ao governo municipal, o oposicionismo sem constrangimento, sem arrodeios, sem precisar dar satisfação a quem quer que seja. Não há o receio de tomar um puxão de orelha.

O gigantesco antifernandismo e o voto útil de quem não quer à reeleição do gestor de plantão vão se transformar no maior “cabo eleitoral” do pedetista.

O que faz a diferença entre Mangabeira e Azevedo, é que o capitão, de olho em uma eventual inelegibilidade de Fernando Gomes, sonha com seu apoio e, como consequência, uma reaproximação com quem é considerado como seu criador político. O prefeiturável do PDT quer distância.

Rui Costa, governador da Bahia