Seja confiável!


Mariana Benedito: “a gente não vai banir essa voz da noite para o dia"


 

Calma, meu amado leitor! De jeito algum estou insinuando que você não inspire confiança para as outras pessoas. Mas, venha cá, você confia em você? Você tem cumprido com as promessas feitas a você mesmo, aquelas feitas no seu íntimo, que só você sabe?

Eu tenho o hábito de escrever, logo pela manhã, como me sinto, pensamentos e sensações que passam em meu corpo e mente; escrevo tudo! Escrevo de forma livre, deixando as coisas fluírem, sem filtros ou sem tentar entender. Isso me ajudou – e continua ajudando – muito no meu processo pessoal de autoconhecimento e amadurecimento emocional.

Pois bem, eis que hoje mesmo eu estava escrevendo estas páginas matinais e percebi a necessidade de ser mais disciplinada e focada em algumas situações que estão rolando aqui e, meu caro, enquanto assumia comigo este compromisso de fazer o que eu preciso fazer, minha mente começou a ruminar que eu sabia que não iria cumprir com o que eu estava me propondo, que era mais uma promessa que ia ladeira abaixo.

Eu parei na hora! Observei esse pensamento e falei: “caramba! Eu não estou sendo confiável para mim!” Repare, se você promete e se compromete a realizar algo para benefício e engrandecimento pessoal já deixando que sua mente grite que você não vai cumprir, que espécie de confiança você está dando para você mesmo? Que tipo de credibilidade você está se dando? Com que olhar você está se enxergando?

Todo mundo tem, pelo menos, três frases de estimação que se repetem eternamente dentro da cabeça. Eu não sou bom o suficiente. Eu não dou conta de realizar as coisas. Eu não tenho nenhum talento. Eu não sou merecedor. Faz você, porque se eu fizer vai dar errado. Eu não consigo. E por aí vai. A lista de possibilidades é gigantesca! A gente se julga e se autocritica tão duramente que não percebe que as nossas ações vão buscar, unicamente, validar essas frases. Olhe que onda!

Pegando novamente meu exemplo, se eu fosse surfar nessa onda de não estar atenta ao que minha mente gritava, minhas ações seriam justamente para reafirmar e validar que eu não tenho disciplina e foco para chegar onde desejo. Repare como é um constante abandono de nós mesmos e seguimos corroendo e destruindo nossos sonhos, desejos, planos por meio de um profundo, intenso e carrasco diálogo interno totalmente baseado na falta de confiança, insegurança e autodepreciação.

E, olhe, a gente não vai simplesmente banir essa voz da noite para o dia, de uma vez por todas. Ela volta! Mas o que a gente pode fazer é começar a reconhecer o tom, o timbre, a entonação assim que ela der os primeiros sinais. É estar alerta, vigilante.

É preciso abrir espaço para ouvir o que ela tem a nos dizer porque, por trás, com certeza existe um medo de abandono, rejeição ou busca por afeto e reconhecimento. Converse com ela, diga que ela pode confiar em você agora. Você pode confiar em você agora!

Hoje, mais uma vez, decidi ser fiel a mim e honrar a palavra dada a mim mesma.

A primeira pessoa que precisa confiar em você, é você. Não se abandone, seja confiável para você.

O externo é reflexo do interno.