A SÉTIMA ARTE EM ITABUNA



Como dissemos na semana passada, neste mês em que a nossa cidade comemora a sua emancipação política, vamos rememorar alguns fatos importantes da nossa história e, hoje, abordaremos o cinema em Itabuna.

Devemos a invenção do cinema aos irmãos Lumière que, no dia 28 de dezembro de 1895, em Paris, apresentaram um aparelho, chamado cinematógrafo, para uma seleta plateia de 30 pessoas; cinema mudo, inicialmente com duração de 10-15 minutos e que, algum tempo depois, passou a apresentar longa metragem, durando cerca de 70 minutos; a nova descoberta espalhou-se pela França e pela Itália e, depois da 1ª guerra mundial, chegou à América do Norte, precisamente Hollywood, a Meca do Cinema. Surgiram importantes empresas cinematográficas como a Metro, Fox, Universal, Paramount e Warner Brothers. Em 1928 ocorreu a primeira tentativa para sincronizar o som com a projeção, no filme The Lights of  New York, da Warner Brothers. O último filme mudo da Metro foi O Beijo, em 1928, estrelado por Greta Garbo. No ano seguinte, 1929, seria instituída a premiação que se notabilizou com o nome de Oscar.

E por estas bandas, como começou? Contam os nossos historiadores que Omar Cana Brasil, em 1915, em um armazém na rua Osvaldo Cruz, instalou um projetor para mostrar aos incrédulos assistentes, a novidade; filme mudo e, para motivar, músicos eram contratados para tocar durante a projeção. Estava lançada a semente da sétima arte na nova cidade.

Em 1918, surgiu o primeiro cinema, o Ideal Cinema, na então rua J. J. Seabra, hoje Cinquentenário, no local ocupado presentemente pelo  Bradesco. Anos depois, em 1933 era inaugurado o Elite Cinema, também na J. J. Seabra, no local onde situa-se a loja Gilmara. Os dois cinemas apresentavam as “soirées”, as sessões noturnas e as “matinées”, sessões vespertinas, no final da semana, mais dirigida ao público jovem. Nessa época surgiram os famosos Bette Davis, Humphrey Bogart, Mae West, O Gordo e o Magro, Tarzan e os disputados seriados. Na década de 30 também foi inaugurado outro cinema, o Cine Ita, na então rua do Quartel Velho, hoje Ruy Barbosa.

A cidade ia crescendo e, em 1938 , na rua Benigno de Azevedo  surgiu o Cine Odeon; em 1940 foi inaugurado o maior de todos e o que teve vida mais longa, o Cine Teatro Itabuna, na rua Benjamin Constant, hoje Ruffo Galvão. Por mais de 50 anos o Cine Teatro Itabuna fez parte da atividade cultural da cidade; por seu amplo palco passaram artistas do quilate de Procópio Ferreira, Joracy Camargo, Emilinha  Borba, Trio Irakitam, Nelson Gonçalves, Francisco Carlos, Augusto Calheiros, Carlos Galhardo; as chanchadas da Atlântida levavam a plateia ao riso apresentando Oscarito, Zé Trindade, Dercy Gonçalves, Grande Otelo.

Na década de 40 a cidade contava com o Cine Teatro Itabuna, o Ita e o Odeon.

Em maio de 1950 foi inaugurado, na rua Ruy Barbosa, o Cine Plaza, que depois mudou o nome para Glória, retornando  ao antigo nome, Plaza. Em 1961 foram inaugurados o Catalunha, na Cinquentenário, próximo ao Jardim do Ó, o Marabá e o Oasis, este no bairro de Fátima. Desse modo, até a década de setenta, tivemos cinco cinemas em atividade, sendo quatro no centro da cidade e um no bairro de Fátima. O Catalunha funcionou até 1974; o Marabá até o ano de 1977 e, por essa época, também encerrou suas atividades o Plaza. O Cine Teatro Itabuna funcionou até os anos noventa.

A cidade ficou sem cinema até a inauguração do Shopping Jequitibá que nos presenteou com duas salas de projeção, o conjunto Starplex; com a ampliação do shopping, as salas de projeção desapareceram e, hoje, estamos sem um cinema sequer.

Não temos cinema, não temos teatro e temos poucas opções culturais para oferecer à juventude; resta a cultura dos “barzinhos”. Nada contra, mas é muito pouco para uma cidade do porte de Itabuna.

João Otavio Macedo.