SUCESSÃO MUNICIPAL E O ANDAR DE CIMA


Não à toa que costumo dizer que o mundo da política é movediço e traiçoeiro


Não poderia ser diferente em Itabuna: à medida que se aproxima 16 de setembro, data limite para a realização das convenções partidárias, o andar de cima das legendas vai mostrando suas afiadas unhas.

Outro detalhe é que o discurso dos senhores que comandam os partidos, deixando de fora as pouquíssimas exceções, é sempre o mesmo: juram por todos os santos e orixás que não haverá nenhuma mudança no comando municipal, que a sigla tem autonomia para decidir sobre o que é melhor para o partido.

E mais: quando questionados se a pré-candidatura a prefeito de fulano de tal é mesmo séria, que não é de brincadeirinha, para negociar a vice com outro postulante ao centro administrativo, principalmente de quem esteja bem colocado nas pesquisas de intenções de voto, ficam bravos e lançam mão da já conhecida e manjada resposta: “tudo não passa de mais uma intriga da oposição”.

O emaranhado e complicado processo político é perverso. É assentado em dois pilares: manda quem pode, obedece quem tem juízo, e o fim justifica os meios. O andar de cima não tem sentimento, funciona como uma espécie de arrastão. É como se fosse um prédio de três andares: o primeiro andar é ocupado pelas lideranças municipais. O segundo pelas estaduais e, lá em cima, no terceiro andar, o “dono” do imóvel, a cúpula nacional do partido. No contrato existe uma cláusula que diz que o inquilino pode ser despejado a qualquer momento e sem nenhuma explicação.

Não à toa que costumo dizer que o mundo da política é movediço e traiçoeiro. Digo também que o menos esperto dar beliscão em azulejo. O vale tudo para conquistar o poder, assentado nos ensinamentos maquiavélicos, não tem escrúpulo.

Fiz alguns editoriais alertando certos pré-candidatos de que a legítima pretensão de ser alcaide poderia ser abortada se não houvesse uma melhora significativa nas pesquisas. Em relação aos vereadores-prefeituráveis cheguei até a aconselhar que o mais prudente era buscar a permanência no Legislativo do que ficar a ver navios, sem o mandato de vereador e, muito menos, o de prefeito de Itabuna, correndo o risco de ter uma pífia votação, o que poderia significar o enterro definitivo de qualquer aspiração política no futuro. Vale lembrar que a imagem negativa do Parlamento municipal é mais um obstáculo que vai respingar nos edis que sonham com o comando da cobiçada prefeitura de Itabuna.

Portanto, ainda há tempo de um recuo, de uma reflexão. A sucessão de Itabuna caminha para ser disputada entre três candidaturas, que até as freiras do convento das Carmelitas sabem.