TODOS DE OLHO EM 2022


O movediço e traiçoeiro mundo da política não costuma perdoar os que dormem


Quem achar que ainda é prematuro falar da eleição de 2022, mais especificamente da sucessão do Palácio de Ondina, vai ficar a ver navios. O movediço e traiçoeiro mundo da política não costuma perdoar os que dormem.

2022 já começou. É amanhã. Nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, o assunto já é discutido pelas cúpulas dos partidos e suas principais lideranças, com destaque para o DEM do prefeito ACM Neto e o PT do governador Rui Costa.

ACM Neto, que é também presidente nacional do DEM, saiu mais fortalecido da sucessão municipal do que Rui Costa. A eleição de Bruno Reis para a prefeitura de Salvador, liquidando a fatura logo no primeiro turno, reforçou a unânime opinião de que a candidatura do alcaide soteropolitano ao governo da Bahia, além de ser irreversível, é competitiva. Vale lembrar que existe um forte sentimento de mudança tomando conta de uma significativa parcela do eleitorado. Com o fim do segundo mandato de Rui Costa, são 16 anos que o PT governa a Bahia.

O engraçado é que o petismo sempre condenou a permanência do PSDB no governo do Estado de São Paulo. O tucanato de lá é uma espécie de petismo de cá. Ambas correntes políticas não querem largar o osso, como diz a sabedoria popular. Mas aqui na Bahia o discurso do PT é outro. É proibido falar em alternância de poder.

A prova inconteste de que a sucessão estadual já começou é a reforma administrativa que o governador Rui Costa vai fazer visando o pleito de 2022. O chefe do Executivo quer acalmar as legendas da base aliada que estão insatisfeitas com seu posicionamento político no processo sucessório, não só em Salvador como no interior.

A mais recente rebeldia na base de sustentação política do governo RC ficou por conta do senador Ângelo Coronel (PSD), que chegou ao ponto de dizer que o governador, ao abraçar a candidatura da major Denice Santiago, provocou uma “rapinagem” na base aliada.

ACM Neto, que não tem nada a ver com os imbróglios na base aliada do governador Rui Costa, que tendem a ficar mais intensos na medida que 2022 se aproxima, assisti a tudo de camarote.

Em um ponto todos concordam, sejam aliados de ACM Neto ou do governador Rui Costa: o senador Coronel deveria usar outra palavra para demonstrar seu protesto contra a parcialidade do governador na sucessão de Salvador.

Dizer que o governador Rui Costa cometeu “rapinagem”, mesmo no sentido político, ficou muito pesado. No nosso “pai dos burros”, rapinagem é “qualidade ou condição de quem rouba”.