Uma disputa sem favas contadas



Rui Costa

* Marco Wense

O comentário de hoje é sobre a composição das chapas da situação e da oposição, respectivamente encabeçadas pelo governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto.

Quem teria mais problemas para arrumar a majoritária sem causar graves dissidências, o alcaide soteropolitano (DEM) ou o chefe do Executivo estadual (PT)?

Pelo governismo, o maior entrave diz respeito ao PSB da senadora Lídice da Mata, que não teria espaço para sua reeleição. Vai ter que se contentar com uma eventual candidatura à Câmara dos Deputados.

Outro fato que pode complicar Lídice é a articulação nacional do PSB com o PSDB, mais especificamente com o governador de São Paulo e presidenciável Geraldo Alckmin.

ACM Neto

Tem também o PR de José Carlos Araújo, que sempre deixa nas entrelinhas que pode romper com o governo se a legenda for preterida.

A chapa governista caminha para manter João Leão (PP) como vice e as duas vagas para o Senado sendo ocupadas por Jaques Wagner e um indicado pelo PSD do senador Otto Alencar.

PSB e o PR ficam de fora. Em relação ao Partido da República existe a remota possibilidade de Wagner se candidatar a deputado federal para solucionar o impasse.

Na oposição, obviamente com ACM Neto disputando o Palácio de Ondina, os postulantes são José Ronaldo (DEM), Jutahy Júnior e Antônio Imbassahy, ambos do PSDB, e Lúcio Vieira Lima (PMDB).

O que se comenta nos bastidores é que a vontade de ACM Neto é ter uma mulher na sua vice, já que a chapa adversária só terá marmanjos.

O pessoal do marketing acredita que a presença feminina na composição da majoritária pode ter um apelo significativo no processo sucessório.

José Ronaldo dificilmente seria defenestrado. O oposicionismo não pode deixar de fora o prefeito de Feira de Santana, o segundo maior colégio eleitoral.

Aí sobra apenas uma vaga para o Senado para ser disputada entre Imbassahy, Jutahy e Lúcio Vieira Lima. Dos três, o que tem menos chance é o primeiro.

Aliás, Imbassahy, que é o secretário de Governo de Temer, é uma espécie de “patinho feio”. Quer sair do PSDB, mas não encontra partido que lhe queira. As portas estão fechadas.

“Imbassahy está bem onde está”, diz Aleluia, presidente estadual do DEM. “O partido não é barriga de aluguel”, alfineta Lúcio, cacique do PMDB.

O trunfo do irmão de Geddel é o invejável tempo do PMDB no horário eleitoral destinado aos partidos políticos. O de Jutahy é tirar da chapa uma conotação 100% temista, já que votou pela continuidade da denúncia da PGR contra o presidente Temer.

Uma coisa é certa: a disputa Rui Costa versus ACM Neto vai ser acirrada. O segundo mandato do governador não é favas contadas como dizem os petistas mais eufóricos.

Disputando o fernandismo

A disputa entre Sérgio Gomes e Rafael Moreira, ambos pré-candidatos a deputado estadual, vai ficar mais intensa com a proximidade da eleição.

Moreira, toda vez que é questionado sobre sua legítima pretensão, sempre deixa nas entrelinhas que o prefeito Fernando Gomes vai apoiá-lo em detrimento de Sérgio Gomes.

Essa insinuação – ou impressão, se o leitor preferir – faz Sérgio ficar irritado a cada entrevista de Rafael, que precisa entender que seu concorrente é filho do alcaide.

É natural que Rafael procure mais espaços no governo e a simpatia do pessoal do primeiro e segundo escalões. Mas soa como provocação o desafio em relação ao apoio de Fernando Gomes.

Fica parecendo que Moreira sabe de alguma coisa, que Sérgio não vai ser candidato em virtude de um acerto que tem com o chefe do Executivo.

Moreira pretende se filar a um partido da base aliada do petismo, mas descartou qualquer possibilidade de ir para o PT e o PCdoB. Seu candidato a deputado federal é Josias Gomes, secretário estadual de Relações Institucionais.

O ponto em comum de Sérgio e Moreira, pelo menos aqui em Itabuna, é que vão fazer suas campanhas sem pedir votos para a reeleição do governador Rui Costa (PT).

Muitos eleitores de Rafael e Sérgio vão votar em ACM Neto (DEM) na sucessão do Palácio de Ondina. Tem também os antipetistas radicais que não votam em Rafael devido sua dobradinha com Josias Gomes.

O que se espera é que Rafael Moreira e Sérgio Gomes percorram o caminho da paz e da civilidade. O sol nasceu para todos.

A educação é tudo

O saudoso Leonel Brizola, fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT), dizia que a educação é a “prioridade das prioridades”.

Sem educação, o caos. Brizola era apaixonado pelos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), carinhosamente chamados de “Brizolões”, idealizados pelo inesquecível Darcy Ribeiro.

O PDT de Itabuna, sob o comando do médico Antônio Mangabeira, e o vereador Enderson Guinho estão de parabéns pela iniciativa de trazer para a comunidade o projeto da Universidade Aberta Leonel Brizola.

As inscrições das videoaulas sobre o ENEM, 100% gratuitas, com dicas e orientações de professores renomados, já estão sendo feitas na sede do diretório municipal.

“A intenção, o nosso objetivo é possibilitar o acesso ao conhecimento a todos, principalmente aos mais carentes”, diz Mangabeira.

E assim caminha o Brasil

O “não tem jeito para o Brasil”, que começa a tomar conta dos menos pessimistas e dos poucos otimistas, é o novo concorrente do injusto “todo político é ladrão”.

Em relação a “todo político é ladrão” se comete uma inominável injustiça. Temos bons homens públicos, infelizmente poucos. O eleitor, no entanto, tem sua culpa quando não separa o joio do trigo.

Não é fácil acreditar em um futuro melhor para os nossos filhos e netos. A nojeira é grande. O cinismo e a tapeação são elementos inerentes a maioria dos políticos.

Os larápios, os gatunos dos cofres públicos são de uma frieza impressionante. Roubam e continuam roubando mesmo diante de uma Polícia Federal que cumpre seu papel com zelo e eficiência.

Como não bastasse toda essa roubalheira, temos as notícias do dia a dia. As mais recentes: 1) previsão de déficit de R$ 159 bilhões nas contas públicas. 2) extinção de uma reserva na Amazônia para exploração mineral. 3) corte de 70% nas verbas das universidades federais.

É bom lembrar que a maior autoridade do país, o presidente Michel Temer, está sendo investigado por suspeita de crimes de obstrução de justiça e organização criminosa.

Ainda tem os fatos hilariantes, como a declaração do senador Romero Jucá (PMDB) de que Rodrigo Janot, procurador-geral da República, tem “fetiche” por seu bigode.

E mais: o senhor Jacob Barata, o “rei dos ônibus”, como é conhecido no Rio de Janeiro, mandando flores para Gilmar Mendes, ministro do STF e presidente do TSE.

E assim caminha o Brasil, alimentando o “todo político é ladrão” e “o país não tem jeito”.

Deixaram de ser “golpistas”           

Os partidos que foram contra o impeachment de Dilma Rousseff estão perplexos com as alianças que o PT vem fazendo com os “golpistas”.

O PCdoB é quem mais deve questionar essa aproximação do petismo com os “golpistas”, que agora passam a ser sofisticados cabos eleitorais da pré-candidatura de Lula.

É que os comunistas já decidiram apoiar Lula na sucessão de 2018. Vão dividir o palanque com Renan Calheiros e outros articuladores do golpe.

Na época, Renan Calheiros era o presidente do Senado da República. Foi um dos principais protagonistas do afastamento de Dilma.

Se o PCdoB ficar indiferente com esse namoro do PT com os “golpistas”, fazendo de conta que não está enxergando, vai terminar chafurdado no enlameado pragmatismo.

Outra legenda que deve pedir explicações ao petismo é o PDT. O partido expulsou seis deputados federais e um senador que votaram a favor do impeachment.

E Dilma Rousseff, vai dizer alguma coisa, vai aceitar a companhia dos “golpistas”?  O silêncio pode ser interpretado como um perdão aos que a defenestraram do Palácio do Planalto.

Inusitada aliança

Na próxima Coluna Wense, com informações de dentro do Palácio de Ondina, vou comentar sobre o arrependimento do governador Rui Costa em ter feito uma aliança com Fernando Gomes em detrimento de Mangabeira, que é do PDT, legenda da base de sustentação política do governo petista.