Você vive no automático?


Mariana Benedito: “seguir padrões e continuar fazendo as mesmas coisas que nos são ensinadas e passadas no automático, não tem brio, não tem tesão, sabe?”


 

Novo ano. Metas, planos, promessas, resoluções e listas. Objetivos que queremos alcançar, o que queremos conquistar e onde queremos chegar são coisas que permeiam a nossa cabeça a cada entrada de novo ciclo, não é mesmo, meu caro leitor? Mas um ponto que eu acredito ser importantíssimo e estava refletindo esses dias e, consequentemente, trago aqui para a gente prosear é quando esses desejos, objetivos e metas esfriam o nosso coração e passamos a ter uma calculadora e um relógio no peito.

Não é possível a gente viver bem, com construção de valores, relações saudáveis e satisfação profissional sem analisar, pensar ou até mesmo investigar algumas questões que são relevantes. Passamos muito tempo acreditando que podemos viver sem pensar no que fazemos, sem observar a reprodução de padrões ou o porquê de fazermos o que fazemos.

Sim, meu chuchuzinho, é muito mais fácil viver sem se preocupar com nossos movimentos, com a origem de nossas questões, com as razões que nos levam a fazer, agir e pensar como pensamos. Dá menos trabalho e até parece mais leve, mais natural; é só ir seguindo a maré.

Mas o que acontece, meu amado ser que me lê aí do outro lado, é que, mais cedo ou mais tarde, as coisas começam a emperrar, a dar errado, a sair dos trilhos, porque passamos a viver somente seguindo regras e padrões, passamos a viver uma vida cheia de automatismo e nosso coração esfria. Fica gelado, nos falta vida, vivemos no automático. Nos distanciamos do sentir, nos distanciamos do real sentido de estarmos aqui: servir a quem amamos, construir valores que alimentem a nossa vida e deixar nosso coração ser combustível para a gente e para quem nos cerca.

Nos relacionamos com pessoas, com histórias, com vidas. Imaginar que estamos aqui só para seguir padrões e continuar fazendo as mesmas coisas que nos são ensinadas e passadas no automático, não tem brio, não tem tesão, sabe? Você percebe? Obviamente não estamos falando aqui que devemos menosprezar ou rejeitar tudo que nos foi passado. Claro que não! Devemos, sim, transformar, desenvolver e aproveitar ainda mais aquilo que recebemos. Fazer ainda melhor!

Para este novo ano, meu caro leitor, eu desejo para nós presença. Que a gente saia do automático, que a gente aqueça os nossos corações.

Que a gente saia da ignorância, da repetição mecânica de costumes e comportamentos que tiramos sabe-se lá de onde.

Não se ama o que não se conhece. Portanto, que a gente tenha mais capacidade de amar.

Que a gente não perca o olhar humano que nos conecta com outros humanos.

 

* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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