Tenho ouvido as opiniões mais divergentes e interessantes acerca das intervenções do presidente Bolsonaro, principalmente quando provocado por membros da oposição e/ou dos governos que dirigiram – será que dirigiram, mesmo? – o país, de 2003 a 2015; nos últimos dias, veio a lume a ação de alguns indivíduos invadindo as ligações telefônicas de membros do atual governo, principalmente o Ministro Sérgio Moro e, inclusive, o próprio presidente. Também volta-se a falar em atos cometidos pelos governos durante o período ditatorial, naquela fase nebulosa das torturas, tema que o presidente enfrenta com dureza, defendendo os seus colegas de farda e dizendo que não houve tortura. Já me manifestei algumas vezes, aqui nestas páginas, condenando a tortura, parta de onde partir, porém entendendo que vivíamos uma época conturbada e muito difícil e violência houve, em ambos os lados. Esperava-se que a lei da anistia desse um basta na discussão desse tema, lamentando as perdas ocorridas e que tal fato não mais se repita em nossa nação.
O presidente conseguiu vencer a eleição prometendo uma nova cara, diferente da política nacional que ele viu bem de perto, na condição de deputado federal há mais de vinte anos e que não enveredaria por aquelas tortuosas negociações para a nomeação de ministros e de outros membros da administração, como estávamos acostumados a ver. Sabia que iria encontrar inúmeros problemas deixados pelos governos anteriores e, numa entrevista a uma jornalista, muito antes de tomar posse, já dizia que “mais difícil não seria fazer, mas desfazer o que os seus antecessores imediatos deixaram”. O seu forte na campanha foi a inserção nas chamadas redes sociais, atraindo boa parte da juventude e, desde a sua posse, pelo que sei, tem cumprido o que prometeu; conseguiu formar um ministério de pessoas capazes e sérias e os que não se pautaram pelas regras recém-implantadas foram substituídos. Colocou para dirigir a economia um técnico altamente capacitado e respeitado entre os seus colegas e uma primeira vitória já foi alcançada pela metade, a Reforma da Previdência que, para ser aprovada, precisa de mais uma votação na Câmara e duas votações no Senado.
O Ministro Paulo Guedes, secundado por uma equipe de jovens competentes, já elaborou um plano gigantesco para tirar o país da estagnação e levá-lo ao patamar das grandes nações, dentro de alguns anos, caso não ocorra nenhuma turbulência internacional, tal qual ocorreu no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Caso esse planejamento seja, efetivamente, executado, passaremos a viver em outro país, mas para tanto, as ações governamentais precisam ser acompanhadas por todos os setores da sociedade, como o que foi visto em relação ao plano real, que tirou o país de um ciclo inflacionário perverso que massacrava a população, principalmente os mais pobres.
Seria mais salutar que o presidente continuasse nessa trilha de trabalho pelo país, mas falasse um pouco menos e não revidasse as provocações que dão, aos seus adversários, um prato cheio para prolongar a discussão. A oposição já disse que não lhe daria trégua e, de fato, isso está acontecendo e só tende a aumentar se o presidente cair na armadilha e fornecer mais lenha para a fogueira.