Tenho presenciado os mais acalorados debates e muitas opiniões sobre a economia, matéria que, confesso, não entendo muito e, também, não gosto. Sempre discute-se a dualidade política X economia e, cada governo tem o seu “guru” ou mago da economia, ditando as cartas e recebendo aplausos e vaias, conforme a flutuação cambial, a taxa de desemprego, o preço dos alimentos e de outros bens e serviços.
O atual governo tem, à frente da economia, um indivíduo competente e respeitado pelo mundo acadêmico, o Ministro Paulo Guedes que está tentando, como outros tentaram e não conseguiram, implementar algumas reformas que poderão, segundo os economistas, mudar a feição de nosso país; parece ser opinião unânime que a reforma da previdência, tantas vezes adiada e, afinal, votada pelo congresso, poderá modificar o quadro atual, mas não a curto prazo, como querem alguns apressadinhos. O Ministro Paulo Guedes também está elaborando projetos visando diminuir o tamanho do gigantesco estado brasileiro e temos dúvidas se conseguirá já que mexerá em privilégios diversos, dentro de uma classe política que, ao contrário, em lugar de cortar privilégios, labora por mais benesses; veja-se o tal fundo partidário. Mais uma farra com o dinheiro público. Por falar em privilégios, o histriônico Jânio Quadros que, apesar de tudo era culto e inteligente, algum tempo após a sua até hoje mal explicada renúncia, dizia o seguinte: “renunciei ao mais alto cargo da república, num país onde não se renuncia nem a inspetor de quarteirão”.
Entrevista interessante concedeu Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central no governo petista e ministro da Fazenda no governo Temer e, também, candidato à presidência da república no último pleito. O Henrique Meirelles, seguindo o caminho de alguns antecessores, foi mais um engenheiro civil a enveredar pelos labirintos da economia sendo, também, ouvido com alguma atenção, tanto assim que o governador João Doria, do grande Estado de São Paulo o colocou no comando da Secretaria da Fazenda. Ele afirma que o plano econômico do atual governo é uma continuação do que foi implementado no governo Temer e enaltece a reforma trabalhista levada a cabo no governo passado. Algumas observações feitas pelo atual secretário de São Paulo são verdadeiras como a de que qualquer ameaça real ao quadro institucional pode prejudicar a economia e que a taxa de juro s bem baixa, a mais baixa da história, não motivou os investimentos esperados. Segundo ele, confiança e estabilidade são dois fatores importantíssimos para melhorar a economia, enfatizando que a confiança do eleitor é, muitas vezes, bem diferente da confiança do investidor. Não deixou de explicar que; a geração de emprego não é tão rápida como muitos querem; ao comentar sobre o câmbio e a inflação, citou uma célebre frase do falecido Mario Henrique Simonsen, numa época em que o grande monstro a ser domado era a inflação, disse: “a inflação aleija mas o câmbio mata”.
Depois do muito que ouvi e do que tenho lido, acredito que a diretriz econômica do atual governo esteja na rota certa; é preciso não esquecer que o executivo não pode fazer tudo a seu bel prazer pois, como no poema de Carlos Drummond de Andrade, “no meio do caminho tinha uma pedra” e, essa pedra é muito poderosa; é o nosso congresso nacional ,com 513 deputados e 81 senadores, com interesses vários e nem sempre de interesse público. Vamos ver no que vai dar.