Os trumps tupiniquins



João Otávio Macedo

Não deixa de ser interessante observar a cena mundial, principalmente depois do formidável avanço nos meios de comunicação, como a televisão e, mais recentemente, as redes sociais, onde os acontecimentos são transmitidos instantaneamente mundo afora. A imprensa já foi um avanço muito grande, depois o telégrafo sem fio, o radio e, como falamos acima, a televisão, a telefonia celular com os seus acessórios e eis-nos na “aldeia global” em que se transformou a terra.

Acabou de tomar posse no governo do país mais poderoso do mundo, os Estados Unidos da América, uma figura  polêmica, destoando dos seus antecessores mais próximos e que tem motivado  muitos comentários; o Donald Trump já vem causando polêmica desde a longa campanha presidencial naquele país do norte e, as discussões continuaram durante e após a posse, com manifestações de apoio e de repúdio em seu país e fora dele, pela importância política , econômica e estratégia desempenhada pelos Estados Unidos.

Observando o comportamento do novo mandatário norte-americano, lembrei-me de duas figuras que não são rigorosamente iguais, é claro, mas apresentam alguma semelhança com o modo de agir do magnata presidente que está causando alguma preocupação mundial. O primeiro é o Jânio Quadros, também um criador de factoides, que se apresentava com os cabelos desgrenhados e que, na campanha presidencial em 1960, tinha como lema uma vassoura, pois dizia que iria varrer a corrupção no Brasil. O Jânio teve uma carreira política meteórica, pois em pouco mais de dez anos, foi de vereador a presidente da república; causou algum rebuliço na presidência, dela renunciando aos seis meses, com uma explicação insatisfatória, causando uma crise política que teria reflexos profundos na história do Brasil.

O Jânio não tinha nenhuma semelhança física com o Donald Trump; só nos gestos e nas atitudes, mas aqui em nossa Itabuna, tivemos um prefeito que tinha alguma semelhança com o dirigente americano; estou dizendo alguma semelhança, não que fossem sósias perfeitos mas, ambos com face  redonda, cabelereira  cheia, apopléticos e imprevisíveis. O José de Almeida Alcãntara, que foi prefeito de Itabuna por duas vezes e, mais vezes seria, se não houvesse morrido, era um líder populista. O Donald Trump ainda não é um líder populista, mas um bilionário, tal como outros que prosperam nos Estados Unidos; ganhou a eleição prometendo coisas que estão assustando o mundo. Não acredito que tudo isso aconteça por que aquela nação tem instituições sólidas e, lá, pelo que se sabe, as leis são cumpridas. O Trump seria uma ameaça à paz mundial, se fosse um dirigente de um país grande e rico onde a tradição democrática e o cumprimento legal não fossem uma tônica.

O Trump grapiúna chorava em público, distribuía dinheiro e era carregado pela massa que o chamava de “sêo Arcantra”; o Jânio carregava uma vassoura; “sêo Arcantra” empunhava uma colher de pau, pois dizia que ganharia as eleições “de colher”; e dançava na praça Pisa na Fulô, ali no alto Maron.

E assim, com esses Trumps, vai se escrevendo a história, aqui e alhures.

João Otavio Macedo.