Por Agenor Gasparetto, Sociólogo
Como é praxe desde a criação do instituto, em 1990, após cada eleição, no formato jornal impresso e, atualmente, por mídias eletrônicas, realizamos um balanço, comparando resultados das urnas em relação à pesquisa registrada ou à última pesquisa realizada nos municípios. Neste texto apresentamos os dados de Itabuna e Ilhéus.
Tabela 1: Resultados da pesquisa registrada e das urnas em Itabuna
Candidatos | Pesquisa GPE/Sócio % | Urnas | ||
Estimulada | Válidos | % | Votos | |
Augusto Castro | 31,82 | 38,04 | 39,50 | 40.868 |
Capitão Azevedo | 15,73 | 18,81 | 17,22 | 17.817 |
Fernando Gomes (*) | 13,91 | 16,63 | 15,35 | 15.876 |
Dr. Mangabeira | 9,64 | 11,53 | 10,16 | 10.508 |
Dr. Isaac Nery | 3,55 | 4,24 | 7,25 | 7.498 |
Geraldo Simões (**) | 4,82 | 5,76 | 5,46 | 5.653 |
Charliane Sousa | 3,18 | 3,80 | 3,17 | 3.276 |
Edmilton Carneiro | 0,18 | 0,22 | 0,84 | 869 |
Professor Max | 0,36 | 0,43 | 0,71 | 736 |
Pedro Eliodório | 0,36 | 0,43 | 0,19 | 193 |
Alfredo Melo | 0,09 | 0,11 | 0,16 | 164 |
Nulo/Branco | 5,09 | 6,58 | 7.286 | |
Não sabe | 11,27 | |||
Total geral | 100,00 | 100,00 | 100,01 | 110.744 |
Total válidos | 83,64 | 93,42 | 103.458 |
(*) Prefeito, candidato à reeleição, candidatura sob judice
(**) Ex-prefeito de Itabuna, candidatura sob judice
Fonte: Pesquisa registrada no TSE sob o Nº BA-05162/2020. Amostra 1.100 eleitores, com um erro amostral de 3%; no período de 3 a 6 de novembro.
https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2020/apuracao/1turno/ba/itabuna
Em Itabuna, no período anterior à pandemia, lideravam as pesquisas pela ordem Dr. Mangabeira, Capitão Azevedo e Augusto Castro, os dois primeiros próximos aos 20% de intenções de voto e Augusto Castro, em terceiro, entre 12 e 15%. A partir da retomada das pesquisas em agosto, o quadro começou a se alterar. Augusto Castro, recuperado após longo período de internação pela Covid-19, começou a melhorar seu desempenho. A partir de meados de outubro, já se desenhava um cenário como provável vitorioso. Em fins de outubro alcançou patamar pouco superior a 30 pontos e se manteve com pequenas taxas de crescimento ao longo das semanas seguintes. Paralelamente, Dr. Mangabeira passou a perder aderência, estabilizando-se próximo a pouco mais de 10%. Capitão Azevedo também perdeu aderência, ficando num patamar próximo aos 15%. O prefeito Fernando Gomes entrou tardiamente na campanha, e ocupou um patamar próximo aos 15 pontos percentuais, alternado segunda posição com Azevedo. Geraldo Simões, Charliane Souza e Dr. Isaac Nery, se situavam num patamar pouco inferior a 5 pontos. A fragmentação do eleitorado em várias candidaturas bastante competitivas e a menor restrição ao nome de Augusto Castro facilitou a sua vitória.
Acompanhando as eleições em Itabuna desde 1992, esta eleição fugiu ao padrão itabunense de disputa eleitoral, caracterizado por disputas muito acirradas em que no domingo anterior à eleição, havia situações de empate técnico, diferenças apertadas e uma expectativa de virada de última hora. Nesta eleição, isto não se repetiu. Nas últimas quatro pesquisas realizadas por nosso instituto, ao longo dos últimos dois meses, em todas elas o cenário se manteve e a urna confirmou. Nesse sentido, de todas as eleições acompanhadas até hoje pelo instituto, esta foi a mais fácil, a mais previsível. Seu padrão se aproximou ao da vizinha Ilhéus, caracterizado pela previsibilidade, pela grande antecedência.
Tabela 2: Resultados da pesquisa da GPE/Sócio e das urnas em Ilhéus
Candidatos | Pesquisa GPE/Sócio % | Urnas | ||
Estimulada | Válidos | % | Votos | |
Marão | 36,90 | 45,88 | 43,24 | 37.290 |
Valderico Jr | 19,47 | 24,21 | 23,50 | 20.265 |
Cacá | 14,02 | 17,43 | 16,05 | 13.845 |
Prof. Reinaldo | 3,31 | 4,12 | 7,03 | 6.060 |
João Barros | 0,88 | 1,09 | 3,41 | 2.943 |
Cosme Araújo | 3,89 | 4,84 | 3,40 | 2.932 |
Bernadete | 1,66 | 2,06 | 2,84 | 2.453 |
Roberto Barbosa | 0,29 | 0,36 | 0,53 | 459 |
Nulo/Branco | 7,98 | 10,43 | 10.044 | |
Não sabe | 11,59 | |||
Total | 99,99 | 100,00 | 100,00 | 96.291 |
Total válidos | 80,42 | 89,57 | 86.247 |
Fonte: https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2020/apuracao/1turno/ba/ilheus
Amostra: 1.027 eleitores, com um erro amostral de 3%; no período de 5 a 7 de novembro. Essa pesquisa não foi registrada.
Ilhéus, mais uma vez, como sempre aconteceu desde que nosso instituto passou a acompanhar eleições, 1992, com meses de antecedência já era possível antever o vencedor. Desta vez, ainda que um pouco mais tardiamente, também se observou esse padrão. Todavia, antes da pandemia, se alguém me perguntasse se o prefeito poderia se reeleger, da perspectiva da pesquisa, seria categórico: improvável. Provavelmente, não! No entanto, a pandemia criou um clima em que os prefeitos dos municípios, como regra, melhoram sua imagem, e estudos poderão comprovar que a maior parte fez sucessor ou se reelegeu. Ilhéus foi um dos casos em que isto aconteceu. Entender como se deu esse processo e suas nuanças merece ser objeto de estudo aprofundado.
Obviamente, no caso de Ilhéus, há ainda dois componentes relevantes e que merecem destaque: o primeiro, a ação do Governo do Estado, destacando-se a inauguração da nova ponte, um novo cartão postal de Ilhéus, e o prolongamento da via que dá para as praias do sul. E o segundo fator, que poderia ter resultado em desfecho diferente, a fragmentação da oposição, destacando-se Valderico Jr. e Cacá, mas também Professor Reinaldo, Cosme Araújo e Bernardete. Caso houvesse uma polarização, uma eleição plebiscitária, o atual prefeito correria sérios riscos de não se reeleger. Mas se elegeu com relativa facilidade por esse conjunto de circunstâncias. O quadro captado pela urna e pelas pesquisas se manteve estabilizado com semanas de antecedência.