Esses dias eu estava refletindo sobre o quanto temos medo de deixar a nossa luz brilhar, meu amado leitor. Temos muito mais medo das coisas darem certo do que darem errado em nossas vidas. Estamos acostumados ao caos e validamos, a todo momento, a crença de que não somos merecedores do melhor, do saudável, do estável, do constante, do seguro. Vivemos alimentando a tensão e a insegurança. Já pensou nisso?
Somos feitos de luzes e sombras. Assim como tudo que há nesse Universo. Opostos, contrastes, complementos. Dia e noite. Alto e baixo. Branco e preto. Sol e Lua. E, para lembrar que as sombras fazem parte da perspectiva de qualquer coisa, gosto bastante da analogia de que se colocarmos todo e qualquer objeto em direção à luz, instantaneamente o que se forma é a sombra. Sem mistérios, sem absurdos. Tudo dentro da naturalidade, desde que o mundo é mundo.
Mas, repare, por que explorarmos mais as nossas sombras do que as luzes? Por que temos mais facilidade em elencar cinco defeitos nossos do que cinco qualidades? Por que temos tanta dificuldade em receber elogios? Por que não conseguimos reconhecer nossos valores e construir um diálogo interno mais amoroso com nós mesmos, deixando de lado a autodepreciação e o constante chicotinho no lombo?
Quando falamos em autoconhecimento, espiritualidade, terapia e todo esse universo de busca por entendimento da mente e comportamentos humanos, é mais comum a gente ouvir, ler e se interessar pela integração, aceitação, reconhecimento das sombras; mas venha cá, e a luz? E a afirmação, reconhecimento e incorporação dos nossos aspectos positivos? Onde estão a nossa autoestima e nosso senso de merecimento?
Eu acredito, sim, meu amado ser que lê estas linhas aí do outro lado, que é super importante a gente estar atento para se observar e tentar se pegar no pulo do gato, no instante do julgamento, no momento em que projetamos no outro nossa sombra; mas penso que é ainda mais importante reconhecermos a caminhada, o que aprendemos, o que já melhoramos. É ainda mais importante a gente trabalhar o nosso mental e emocional para perder, cada vez mais, a crença de que não merecemos ser amados, não merecemos o sucesso, não merecemos uma vida abundante. Repara que negócio cruel! Assumir que temos qualidades, virtudes, comportamentos bacanas; até porque ninguém – absolutamente ninguém – é puramente composto por sombras. Todos nós somos duais.
Existe um discurso de Nelson Mandela, o mais importante líder do movimento negro e Nobel da Paz, que diz que é a nossa luz, não nossa escuridão o que mais nos assusta. E é bem assim mesmo! A simples possibilidade de descobrirmos a imensa capacidade que temos de criação, movimento, mudança pode nos deixar em pânico, porque o que é conhecido é a tensão, o conflito, a montanha-russa. E nos sabotamos. Sabotamos o talento, o dom, a virtude, a construção de um novo padrão. Nos abandonamos constantemente, não assumimos compromissos com nós mesmos, não nos comprometemos com a nossa melhoria.
E não há ninguém que possa fazer isso por você.
É preciso pagar o preço, enfrentar o processo, mergulhar e estar comprometido com você. Mergulhar de cabeça para desconstruir as crenças existentes e criar novas de merecimento e abundância.
Deixa a luz brilhar! É pra isso que ela existe.