EDIMAR, O CAPIXABA QUE AMAVA ITABUNA


João Otavio Macedo reverencia perfil de Edimar Margotto, inclusive como provedor da S. Casa


Felizes as comunidades que dispõem de algumas pessoas abnegadas, voltadas para o serviço comunitário e que se tornam grandes auxiliares nos postos de vacinação e de atendimento muitas desempenhando um papel que seria do poder público e que acabam em suas mãos, numa demonstração de comiseração e respeito aos que sofrem. Em nossa cidade há exemplos belíssimos de pessoas bem abastadas que desviam o seu trabalho no atendimento às creches, aos orfanatos e aos nosocômios.

Nos três trabalhos em que mostrei a saga da nossa Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, tive a oportunidade de relacionar alguns nomes da comunidade, que movidos pela liderança  e pelo entusiasmo do Monsenhor  Moysés  Gonçalves do  Couto, resolveram criar uma Santa Casa de Misericórdia, juntamente com um hospital, que seria o primeiro da jovem Itabuna, e mais um cemitério, dotando a cidade de inovações que há muito  eram reclamadas. O Monsenhor Moysés foi o seu primeiro Provedor e, depois dele, outras figuras seguiram o seu caminho colocando a assistência médico-hospitalar em um nível compatível com a pujança e a posição da nossa Itabuna.

Na história da colonização da chamada região cacaueira, segundo vimos nos trabalhos de nossos historiadores, encontramos uma plêiade de pessoas devotadas, cada qual dando o seu quinhão na formação da nossa importante comunidade.

Primeiramente, tivemos o braço do povo sergipano e de baianos de outras regiões, que para aqui vieram  em busca de trabalho com a possibilidade de subir na vida, o que, efetivamente, aconteceu com muitos; depois da leva dos sergipanos, foi a vez dos sírio-libaneses, que no início do século passado por  aqui chegaram, concorrendo para a formação de novas cidades e vilas; no início dos anos setenta, nova “invasão”, dessa vez de patrícios alojados no pequenino e bem arrumado Estado do  Espírito  Santo.

Façamos uma pequena retrospectiva da nossa Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, que tem a data de 28 de janeiro de 1917 como de sua inauguração, mesmo estando incompleta; o hospital Santa Cruz, hoje Calixto Midlej Filho, começou a funcionar no dia 07 de setembro de 1922; vários provedores sucederam a Calixto Midlej Filho, todos deram o melhor de si em prol da instituição. O aqui citado Calixto, tratado por parentes e amigos como Calixtinho; foi o Provedor que mais tempo permaneceu no cargo, indo de 1972 a 1984, quando promoveu uma grande transformação nos hospitais da instituição, o Santa Cruz e Manoel Novaes. Depois de  Calixtinho, vários ocuparam a Provedoria, até que, em janeiro de 1992, foi empossado no cargo de Provedor o capixaba EDIMAR LUIZ  MARGOTTO, que já vinha se destacando no seio da comunidade itabunense e grapiúna por sua atuação em benefício dos mais necessitados e, também, participando dos vários  clubes de serviço; na provedoria  de Edimar obras  importantes  foram feitas, tanto nos dois hospitais como no Cemitério. Edimar deixou a Provedoria em 1992, após 9 anos no batente, quando a Santa Casa completava 75 anos de bons serviços à sociedade.

Na semana passada, perdemos o nosso capixaba EDIMAR; cumpriu, como todos nós também cumpriremos um dia, o ciclo da vida; a disposição e a juventude que irradiava nos mostravam que poderia ainda fazer muito mais pela cidade que abraçou, trocando pela congênere no vizinho Estado ao sul da Bahia. Edimar gostava do trabalho comunitário e nesses mais de 50 anos de residência em nossa Itabuna, participou de quase todas as campanhas, sempre com retidão do caráter e um temperamento afável que deixava o interlocutor à vontade.

Mesmo sabendo dos desígnios de Deus, compreendemos, mas lamentamos o seu passamento para uma outra dimensão. Enviamos à sua esposa e aos dois filhos as nossas condolências, rogando ao Criador que lhes dê o conforto necessário em tão difícil momento.