Nos últimos dias uma frase tem circulado bastante pelas redes sociais: o afeto cura. E, meu amado leitor, enquanto ser humano e psicoterapeuta, posso assegurar que é uma verdade e o quanto a falta de afeto atrofia nossa vida. Sem afeto ficamos pequenos, com a visão embaçada, inseguros, dependentes, instáveis. Sem amor nada floresce. E arrisco dizer que a gente adia muito a decisão de amar.
É, amar é uma decisão. Amar é decidir se conectar. Decidir transpor as barreiras de orgulho, medo e dúvida. É estabelecer o outro como parte integrante da sua vida, figura de cuidado, atenção e olhar atento. É decidir enxergar o valor do outro e estar presente não apenas pelo que existe aqui e agora, mas pelo que está destinado a ser, sabe?
E o xis da questão aqui é a gente identificar o que nos impede de. Quê amarras são essas que te impossibilitam de amar? Que medo é esse?
Tem uma frase de Rumi que eu gosto demais, falo sempre que posso sobre ela, que diz justamente isso: a gente não precisa aprender a amar, a gente precisa mesmo é derrubar os muros que a gente construiu contra o amor.
Muros de dor, de orgulho, de prepotência, de vingança, de medo. Porque, meu amado ser que lê essas linhas aí do outro lado, no final das contas andar arrastando essas coisas não leva ninguém a lugar nenhum. Só deixa um vazio do talvez, do e se, do desejo, do quem sabe um dia.
Que dia? Vai esperar até quando para viver? Vai adiar até quando a escolha de amar, doar afeto, receber afeto, se permitir ser tocado e transbordar?
Eu tenho a honra de conviver com Maria Flor há quase dois anos e vejo uma grande verdade sendo gritada à minha frente. Eu não preciso fazer nada extraordinário para que ela me ame, se sinta segura por mim e comigo, me veja como o solo fértil de amor, entrega e presença. Ela nasceu com essa predisposição. Meu “trabalho” é só manter a ideia e percepção natas, de fábrica, que são dela, o DNA do Amor.
Quem já teve a oportunidade de brincar com Maria Flor percebe que ela simplesmente confia e se joga nos seus braços porque entende que você vai apoiá-la. Ela entende que tem segurança, suporte, sustento. Ela se joga!
Leia de novo: ela se joga! Uma criança nasce destinada a amar! O que ela quer é amar, pertencer, acolher, ser acolhida e ponto. Não tem obstáculos, você está entendendo? O que EU, adulta, já com meus “muros criados” preciso fazer é não destruir isso. Eu preciso só não quebrar o elo que já existe. Que naturalmente existe.
E assim é na vida. A gente nasce destinado a amar. Essa é a nossa principal função. A mais importante delas. A mais imprescindível delas.
Sem amor a gente não é nada, é só um punhado de carne sem alma.
A gente só precisa decidir voltar ao que é.
Ao que sempre foi e ao que sempre será.
A vida é breve e não merece ser desperdiçada.
Mariana Benedito – Psicanalista e Psicoterapeuta
Instagram: @maribenedito